Ela é mulher que irradia luz, a beleza dela está no caráter e na sua essência única.
Eu ria, às vezes quando ela vinha falar que acreditava em sonhos, que ouvia sininhos tocando quando algo de bom se realizava na vida dela, quando isso acontecia, de eu rir, ela fazia uma careta e não se importava, continuava com seus ideais, nunca deixou se abater pelo que eu falava ou da forma que eu zoava com ela. Mas não eram utopias baratas, eram sonhos mesmo, e hoje sei que ela realizou o que mais queria, mas eu não faço parte disso, pelo menos não mais. Ela me dizia, “Você não entende, eu sonho alto, vivo para viver, se cair levanto, se sofrer aprendo”. E foi exatamente assim, sempre, com a mesma força e postura, minha ex-mulher admirável.
Num dia algo de ruim acontecia, no outro ela já se reinventava, era outra, com outro sorriso, mas tão lindo quanto todos os outros. Sempre que a vida mandava ela se doar, lá estava ela, pronta e disponível a mergulhar em qualquer oceano que fosse, sem hesitar, seguia seu coração e ninguém mais.
É complexa, organizada, metódica, mas às vezes pirava um pouco, e me deixava louco com tanta pergunta que eu julgava sem sentido, um dia ela me perguntou “quando foi a primeira vez que você subiu numa árvore?”, outro dia, “você sabe a cor que sua professora preferida mais gostava?”, ela é assim, pensa no que ninguém pensa, imagina o que ninguém imagina, quer o que muitos nem sabem que querem. Às vezes se sentia vazia, às vezes cheia demais que transbordava em mim, e eu, sem tempo, ocupado, pensando em outras coisas não parava pra ouvi-la de verdade, prestar atenção mesmo, ou quando falava de seus projetos ou quando falava suas banalidades tão vagas e ao mesmo tempo complexas demais pra mim.
Não suporta meias verdades, meios termos, meios amores, é exagerada, em tudo, no amor e no desamor, sente como ninguém sente, ri fácil, mas chora com toda sua emoção, e chora até com comerciais bobos. Para ela, o que mais importava eram as palavras que ninguém falava, os olhares que ninguém via, os sentimentos que poucos sentiam, ela observava e acho que por isso é que ela mais sofria ao meu lado, eu não tinha esse olhar.

Quando nos vimos, ela estava bem, mais magra, mas mais bonita, falou comigo sem cerimônia e me abraçou, o perfume era o mesmo, e creio que o xampu também, senti seu cheiro bom e familiar, aquele cheiro de passado bom, que sei que não volta mais, sei que sou incapaz de consertar tudo de uma vez, mas não sou incapaz de ama-la novamente, de fazer seus dias felizes novamente, de fazê-la sentir que somos pra sempre mais uma vez.

Diakova
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