quinta-feira, 25 de maio de 2017

A única carta.

Ao pensar em escrever uma carta para você eu me dei conta que nunca havia feito uma, na efemeridade dos dias, nunca parei para escrever uma carta, meio no qual acho muito mais sincero até do que olhar nos olhos.

Quando fui começar percebi também que não sabia o que escrever, e me entristeci com isso, significava que não tinha mesmo o que falar, que no fundo sabia que não adiantaria, que palavras não resolveriam, e olhe que muitas delas foram usadas para te convencer do que eu queria.

Sempre te pedi tão pouco, sempre foquei no que você poderia fazer, expliquei, expliquei, deixei claro como queria que fosse, não era nada de perfeição como você achava, era apenas a correção de alguns erros que não só eu enxergava,  o que eu via era a seu enfado em tentar fazer, e fracassar e voltar com as mesmas atitudes.
Chorei muito ontem,  não por você ou por saudade,  mas por ser obrigada a recomeçar, e redundantemente, novamente, agora com um coração tão cansado que  chega a ter má vontade. Chega a doer esse fracasso, nesse amor estavam as últimas expectativas, os últimos suspiros de um coração tão esforçado, mas tão pisado.

Chorei também no chuveiro,  me senti desamparada, sozinha até por dentro, não havia pensamentos,  não havia planos, havia somente um nó na garganta e um corpo frio sentido a água fervente descer por ele , e mais nada. 

Até a toalha falou quando a encostei no meu corpo e ela o cortava sem dó. 
Não estou arrependida, mas não estou bem com tudo, não queria isso, mas fui obrigada pela razão a fechar com ela e mudar, e você não percebeu, você  não se importou, não reparou, estava ali e não estava, achava mero comportamento inadequado, mero chilique de mulherzinha.

O pior de tudo é saber que você me amava, segundo você, e achava que estar ali era o suficiente, que realmente queria estar comigo, mesmo que do seu jeito errado, pior é saber que eu que fui desgastando e  me afastando, até as vezes te maltratando. Talvez, se você não gostasse de mim fosse mais fácil.
Agora continuo aqui, com tudo mais uma vez por organizar, por recomeçar, por onde ? Não sei. Inteira? Com  certeza, não. Mas com menos pedaços quebrados certamente, com a cabeça cheia e vazia? Sim. Mas cheia de você e das lembranças tão lindas que vivemos em tão pouco tempo. Voltar atrás? Não sei. Pode ser. Se vai dá certo? Só o tempo nos mostrará, mas dessa vez, certamente veremos com mais clareza. 

Diakova

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