terça-feira, 17 de maio de 2016

Os doces ontens não podem consumir nossos tão sonhados amanhãs

Incrível como o passado, às vezes, manda em nossas vidas sem que percebamos.
Ele se materializa de várias maneiras, vai e vem como se nossa vontade nem existisse.

É impossível que ele se afaste da gente, sem ele nos esqueceríamos de tudo que já vivemos, dos momentos bons, de glória e dos ensinamentos que adquirimos com sua passagem.
Acredito que seja necessário reviver o passado de vez em quando para que não vivamos condenados a repetir os erros cometidos, ou a manter as expectativas, muitas vezes frustradas.

Mas como eu seria feliz ao apagar ou esquecer fatos do meu passado? Se eu vivi plenamente não devo pensar assim, se vivi uma vida de arrependimentos, sim. Meu passado me pertence e me moldou e me ajudou a ser quem sou hoje.
Gosto de meu passado, ele é o que restou na minha memória de tudo que já vivi até hoje, ele é de fato minha história.


O passado me obrigou a passar por situações que eu não queria, a conhecer pessoas indesejadas, a trabalhar em lugares que não gostava e a fazer várias outras coisas que eu odiava, mas ele fez isso para que eu pudesse v-i-v-e-r, isso mesmo, vivemos de fato, apenas o passado.
O presente é cheio de futuros, cheio de momentos incertos, o passado não, temos a plena certeza que o vivenciamos, e ele está nas gavetas de nossas lembranças para abrirmos quando quisermos.


O passado não vai determinar exatamente quem você é, mas ele está lá, aconteceu, você participou de cada momento dele, você o fez ser vergonhoso ou não. Porém, ele não nos levará longe, se ficarmos voltando sempre aos nossos passados, não avançaremos e nos tornaremos ignorantes acerca do presente, ficaremos consumidos por ideias de “como poderia ter sido”, ou “como era pra ter sido”, e aí sim ele nos fará mal e não seremos dignos de avançar efetivamente.

Apesar de inevitável e necessário, não podemos deixar que os doces ontens consumam nossos tão sonhados amanhãs. Se pararmos pra pensar nisso, talvez percamos a razão, ou passaremos a dar razão a nada.

O que devemos fazer é construir um passado tão bom que ele seja uma ótima companhia na velhice, que ele conduza nossos últimos dias com belíssimas histórias, sem arrependimentos e sem tristezas, que ele seja nosso parceiro, amigo e conselheiro, não um quarto escuro cheio de armadinhas prestes a disparar.

Diakova

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