quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A palavra que me fez ser

Eu tinha 13 anos quando aquela palavra me chamou atenção. Toda vez que a professora entrava na sala com aquela camisa, eu ficava olhando e me perguntando o motivo de uma pessoa usar uma camisa com aquela palavra. Eu era acostumada a ver camisas de times, de imagens, de bichinhos e das mais variadas estampas possíveis, mas com uma palavra era muito raro, e aquela palavra em especial realmente me deixou curiosa. Até que um dia eu não resisti e assim que tive uma chance, na hora em que fui levar o caderno para a professora corrigir, eu perguntei o que significava aquela palavra na camisa dela, ela se surpreendeu e me respondeu que era o curso em que ela havia se formado para ser professora, a palavra era "Letras", assim, somente ela, no meio da camisa, eu não me lembro a cor da camisa, nem da palavra, e talvez o que eu conte aqui não tenha sido exatamente do mesmo jeito, mas tenho desse jeito no meu coração, afinal, já faz alguns muitos anos. 

Tempos se passaram e ao ver a professora todos os dias vindo nos dar aula com seus olhos amigáveis e seu jeito doce, até demais, eu imaginava aquela palavra e o quanto ela representava para aquela pessoa, o quanto apenas aquela palavra fez dela o que ela queria ser quando crescesse, e o quanto havia peso naquela palavra, não teve jeito e eu não a esqueci mais. A cada dia eu pensava mais e mais naquela palavra.

O tempo foi passando e eu fui me encantando mais, comecei a pensar em ser professora também, pensava como seria legal poder saber tudo de português e ainda ensinar, entrar numa sala cheinha de crianças e poder passar o que eu sabia e ainda ser exemplo pra eles. Eu passei a fazer disso o que eu realmente queria fazer, e a cada dia perguntava mais e mais a professora de como eu poderia fazer para me tornar professora também, claro que apesar de sempre eu ter tido um olhar um pouco mais maduro para a minha idade eu ainda não entendia o porquê das greves todo ano e a desvalorização do professor, me encantei ao observar aquela professora e ao conhecer aquela palavra, me encantei pelo que isso representava para mim e para ela. 

Sou professora, e quando me pego pensando no motivo de ser  é essa história que vem a minha cabeça, e penso também nos meus alunos e no quanto posso ser melhor a cada dia, aprendo muito com eles, rio muito com eles e confesso que me estresso muito com eles, mas assim como aquela professora, eu procuro olhar meus alunos com olhos amigáveis e ser doce, muitas vezes não consigo, sou mais para uma bruta-doce, que para uma querida-professora-bondosa, mas eles sabem que não é por mal, eles são a minha vida agora e sempre serão, mesmo quando não forem mais meus alunos. Mesmo quando eu não der mais aulas, eu me lembrarei dessa história e saberei que sempre tive a certeza do que queria ser e que consegui ser, saberei também que vivi uma vida plena fazendo o que eu mais amava. 

Levanto todos os dias e me vejo uma pessoa que teve muita coragem de assumir o que seria, sem medos ou receio, levanto de cabeça erguida para fazer o que amo com pessoinhas que amo, e que  fazem muita diferença na minha vida. Escrevo hoje sobre isso porque desde que acordei que me sinto meio incompleta, e quando sinto isso sei logo que é a exaustão chegando, e não deixo que ela se instale em mim, procuro logo pensar no que fiz de mim e no que sou, e busco motivação para continuar, apesar de que ainda estou no inicio da vida, mas hoje as coisas não são mais como no tempo daquela minha professora, já era bem difícil, os alunos não davam mole, mas hoje a sociedade mudou e creio que é bem mais complicado ter o domínio de sala e conseguir resultados satisfatórios, para isso, nós professores, nos esforçamos bem mais e nos desgastamos bem mais, assim temos que buscar motivação o tempo todo e saber que lutamos muito para chegarmos até aqui, as milhas que percorremos foram para que conseguíssemos ser o que queríamos ser. 

Hoje, muito tempo depois, eu consegui, sou professora e de português, fiz o curso com muito esforço e hoje tenho meu ganha pão garantido. Certamente essa professora nem sabe o quanto ela e sua camisa com sua palavra fizeram diferença na minha vida, assim como eu não sei o quanto consigo fazer diferença na vida dos meus alunos, mas assim como ela, eu sei que sempre conseguimos tocar nem que seja um aluno sequer, assim como ela me tocou, outra certeza é que talvez nenhum colega meu daquela turma lembre dessa camisa com essa palavra, mas eu lembro e fiz disso a minha vida também, sonhei, e isso fez da minha vida melhor.

Diakova

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Teu amor te enche e transborda

Você acha que nunca vai esquecer, daí esquece, e começa a viver, a amar, não amar outra pessoa, mas se amar, se amar de verdade, sendo inteira, viva, quente.

Seu caminho passa a ser só seu, seu espaço não cabe você de tão grande que você se torna, e aí você se abre, se abre mais e encara novamente a vida, e vive mais uma vez, agora sim, pronta, sem procurar nada, sem se preocupar em ser amada por outrem, porque teu amor já te enche e transborda.

Diakova

Melhores livros de MARIO VARGAS LLOSA para ler..



O escritor peruano Mario Vargas Llosa é conhecido por suas obras intensas, profundas e densas, que criticam e abordam temas que rondam a hierarquia de castas sociais e raciais no Peru e em toda América Latina.


Sua principal abordagem é a luta pela liberdade individual na realidade opressiva do Peru e, assim como vários outros intelectuais de sua geração, Vargas Llosa sofreu a influência do existencialismo de Jean Paul Sartre. Entretanto, alguns de seus livros são auto biográficos, como A Cidade e os Cachorros, que recebeu o Prêmio Biblioteca Breve da Editora Seix Barral e o Prêmio da Crítica de 1963.



A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO
 A banalização das artes e da literatura, o triunfo do jornalismo sensacionalista e a frivolidade da política são características da sociedade contemporânea - a ideia temerária de converter em bem supremo a natural propensão humana para o divertimento. Este é o tema central do ensaio de Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura em 2010. Nele, o escritor diz que no passado a cultura era uma espécie de consciência que impedia que virássemos as costas para a realidade. Hoje, lamenta Llosa, a cultura atua como mero mecanismo de distração e entretenimento. Para ele, 'a ideia ingênua de que, através da educação, se pode transmitir cultura à totalidade da sociedade, está destruindo a ‘alta cultura’, pois a única maneira de conseguirmos essa democratização universal da cultura é empobrecendo-a, tornando-a cada dia mais superficial'.

TRAVESSURAS DA MENINA MÁ
O peruano Ricardo vê realizado, ainda jovem, o sonho que sempre alimentou - o de viver em Paris. O reencontro com um amor da adolescência o trará de volta à realidade. Lily - inconformista, aventureira e pragmática - o arrastará para fora do pequeno mundo de suas ambições. Ricardo e Lily - ela sempre mudando de nome e de marido - se reencontram várias vezes ao longo da vida, em diferentes cidades do mundo que foram cenários de momentos emblemáticos da História. Na Paris revolucionária dos anos 60; na Londres das drogas, da cultura hippie e do amor livre dos anos 70; na Tóquio dos mafiosos dos anos 80; e na Madri em transição política dos anos 90. Assim, ao mesmo tempo em que conta a história de um amor arrebatador, 'Travessuras da menina má' traça um quadro das transformações sociais europeias e convulsões políticas da América Latina.
 
A GUERRA DO FIM DO MUNDO
Em 1977, Mario Vargas Llosa começou a escrever um romance que seguia um caminho diferente - em vez de usar suas memórias para compor uma história de forte veia cômica, ele decidiu recontar a dramática Guerra de Canudos, impressionado pela leitura, alguns anos antes, de 'Os Sertões', de Euclides da Cunha. Em 1980, após exaustivas pesquisas em arquivos históricos e viagens pelo sertão da Bahia, ele terminava 'A guerra do fim do mundo'. Nele, o escritor peruano constrói uma saga que engloba tudo - honra e vingança, poder e paixão, fé e loucura. O autor dá uma nova dimensão à história de Antônio Conselheiro, em que personagens de carne e osso, alguns reais, outros imaginados, empreendem uma saga sem paralelos na história do país.

 O HEROI DISCRETO
Este é um romance que entrelaça histórias de crimes e intrigas, amores e reviravoltas. Felícito é o dono de uma empresa de transportes em Piura, no norte peruano. Um dia, antes de ir ao trabalho, se surpreende ao encontrar uma carta anônima, presa à porta de sua casa. Sua família e sua empresa serão protegidas, diz o texto, mediante um pagamento mensal. Como assinatura, uma sinistra aranha, atrás da qual se escondem os chantagistas. Mas ele é um homem que aprendeu com o pai a não se curvar a nada, e fará o possível para combater esse perigo invisível. A partir de então, mergulha numa rede de ameaças que irá colocar em risco não só seu trabalho, mas as pessoas que ama. Em paralelo, em Lima, Ismael Carrera, viúvo septuagenário dono de uma companhia de seguros, decide mudar completamente o rumo de sua vida. 

Diakova

veja mais em http://www.guiadasemana.com.br/artes-e-teatro/noticia/10-livros-de-mario-vargas-llosa-para-ler

 


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Inquietações

Não  somos determinados nem somos absolutos, somos variantes, somos infinitamente mutáveis. Não há nada que nos defina por completo, vivemos nas nuances da vida, nos entregando, errando e tentando de novo.
Muitas vezes tentamos esconder mas logo nossa face verdadeira vem à tona, queremos sempre sentir mais, viver mais, provar mais das mais variadas coisas e isso só fazemos genuinamente, não há como nos esconder nesses desejos.


Somos folhas em branco em que podemos escrever o que quisermos todos os dias, além de não sabermos quais consequências teremos que enfrentar a cada dia, não sabemos que escolhas farão a diferença hoje, não sabemos com que pensamentos dormiremos, positivos ou negativos, porque somos assim, imprevisíveis, mesmo que façamos todo dia a mesma coisa fazemos de um modo diferente, ou pelo menos você estará diferente a cada dia, nenhum rio é o mesmo sempre, assim como também não nos deitamos à noite para dormir da mesma forma que acordamos pela manhã.

Em determinados momentos até preferimos viver nos clichês do que é normal, moralmente aceito ou o que todo mundo costuma fazer, não enfrentamos aqueles desejos tidos como "loucos" por muitos e que pra nós é apenas o nosso jeito de sentir plenitude na vida, pegamos frases prontas e resoluções repetidas pra resolver questões só nossas sem perceber a singularidade do que somos, e nem a pluralidade de nossos sentimentos.

Somos pessoas preto e branco e vivemos em busca de cores que nos façam aos poucos achar nossa razão de viver mais um dia, porque somos capazes de nos reinventar, de nos  escrever e até de nos perder quando quisermos.

Diakova

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Resenha: “A rainha vermelha”, de Victoria Aveyard

Um livro cheio de altos e baixos, a primeira coisa que chama logo a atenção é a capa, prateada brilhante. Não tem nada demais, sem grandes desenhos ou super colorida, apenas uma coroa sangrando e a chamada de impacto: Uma sociedade dividida pelo sangue. Um jogo definido pelo poder.

Porém não julgando o livro apenas pela sua capa, vamos lá. Amei! Entrou para o topo da pilhas de livros que mais gostei de ler! A expetativa de uma boa história foi totalmente bem sucedida.

No início da leitura reconheço que a leitura estava chata, parecia que nada ia acontecer, a história estava lenta. Mas passado isso a história aconteceu e terminei o livro em poucos dias. O triste foi chegar ao final e não ter a continuação na mão.

“Viraram-me do avesso, trocaram Mare por Marrena, a ladra pela coroa, trapos pela seda, vermelho por prateado. Esta manhã eu era uma criada; à noite, sou princesa.” – p. 115

A história é sobre uma sociedade dividida entre pessoas com sangue prateado com poderes, tidos espaciais, e pessoas com sangue vermelho que não tem poderes, são esquecidos e excluídos,  e suas vidas giram em torno de guerra e servidão aos prateados.

Mare Barrow é vermelha e vive num vilarejo bem humilde; um dia consegue a oportunidade de ir servir aos prateados no palácio, onde ela se descobre cheia de poderes. Mas em sua cabeça fica tudo muito confuso, como uma vermelha pode ter poder já que isso é apenas dom dos prateados? Para entendê-la e esconde-la a família real acolhe a moça e convence a todos de que Mare é uma prateada, até a fazem noivar com o príncipe mais novo, Maven.

“Prateada e vermelha, e mais forte que ambos.” – p. 401

Mas Mare não gosta dos prateados e não quer ser tratada como eles, em contra partida também não quer mais a situação miserável de seu povo. Há outros vermelhos que também estão cansados de serem humilhados e escravizados e que estão em busca de uma vida melhor. Além disso, há a guerra em busca de terras e poder entre os reinos, uma nova batalha civil é iniciada. Vermelhos contra prateados. E Mare está entre esses dois mundos.

É uma  história interessantíssima de seres poderosos, de guerra, de esperança e de romance. A história já chamou tanto a atenção que a a Universal já comprou os direitos do filme; o roteiro está sendo adaptado por Gennifer Hutchison (Breaking Bad) e produzido por Benderspink (Efeito Borboleta) e Pouya Shahbazian (Divergente).

Leiam que vale muito a pena.
Esperando o filme...

Diakova.

Segue sinopse 

O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses.
Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho?
Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe — e Mare contra seu próprio coração.

Data da primeira publicação: 10 de fevereiro de 2015
Autora: Victoria Aveyard
Gênero: Ficção juvenil
Editora: HarperCollins
Prêmio: Goodreads Choice Awards Best Debut Goodreads Author
Indicações: Goodreads Choice Awards Best Young Adult Fantasy & Science Fiction

Casal perfeito não, mas perfeito um para o outro.

Eu sempre acreditei que "os opostos se atraem", depois de algumas desilusões descobri que opostos não se atraem, se afastam, os opostos não ficam juntos e não fazem as mesmas coisas, não curtem os mesmos shows e nem as mesmas músicas, os opostos de chocam e se largam.

Acreditava que todo mundo tinha "sua metade da laranja", mas hoje sei que isso também não existe, as pessoas só encontram alguém que faz sentido na sua vida quando estão completas, quando se amam e estão preparadas para desafios, quando estão prontas e seguras pra pular do um penhasco e amar incondicionalmente,

Nunca vamos encontrar nossa metade em outra pessoa, nem seremos nunca a metade de alguém, seremos o que falta nela e ela será o que nos falta, seremos complemento da vida um do outro, e quando isso acontecer, saberemos exatamente como é esse complemento, como num olhar se resolvem as coisas, como num beijo já há um convite e como num apertar de mãos você se sente segura.

Por diversas vezes podemos não entender e nos decepcionar achando que já encontramos esse alguém que tanto queríamos, isso são desilusões, e elas são necessárias, elas que vão moldando o que será necessário para nós, elas que nos dizem que atitudes devemos e ter e não ter.

Por diversos momentos nos sentiremos perdidos e exaustos de procurar felicidade, muitas vezes, é nessa hora que o coração descansa e a sorte vem. Chega alguém que nos faz mudar a cabeça e querer tudo outra vez, se vai durar? Não temos como saber. Se é de fato nosso complemento? Talvez. Mas o que temos que saber é se realmente estamos dispostos a ser esse complemento para esse alguém e a tentar mais uma vez, sem medo nem ressentimentos.

O que penso hoje, resumindo tudo, é que se tem alguém pra ser seu, será, ele virá da maneira mais inusitada e pode ser a pessoa mais improvável, mas você saberá que é ela, saberá com seu coração que agora você será feliz, talvez no inicio você ache que nunca dará certo, mas se gostar de verdade vai levar, vai procurar motivos, vai sentir que vale a pena.

E quando já estiver firme com ela, vai amar cada vez mais e vai lutar cada dia com mais força, até o dia em que tudo será tão natural que fluirá, não serão o casal perfeito, mas serão perfeitos um para o outro.



Diakova