quarta-feira, 22 de junho de 2016

Resenha Vida e Morte - Crepúsculo Reimaginado de Stephenie Meyer

Mais uma vez eu me encantei com a história, o romance, os detalhes da trama e com a leveza da escrita de Stephenie Meyer, você lê rapidinho sem perceber que está engolindo a história. É um mundo real, com criaturas e situações irreais, e que nos leva ao limite dos sentimentos e nos faz torcer pela vida deles, mesmo sendo vampiros. Cada personagem encanta por suas características únicas e algumas pitadas de humor, mais uma vez, apaixonada....


A saga Crepúsculo tem milhões de fãs pelo mundo todo, e eu sou um deles, e claro, ao completar 10 anos da primeira edição do I livro, a editora e a autora quiseram agradá-los. Assim, fizeram uma nova edição do livro Crepúsculo, agora com algumas modificações da história, que segundo a própria Stephenie Meyer havia alguns erros, e em relação aos gêneros dos personagens, que mudaram, quase todos.

Vida e Morte tem praticamente a mesma história de Crepúsculo. Beau Swan, um garoto de 17 anos deixa Phoenix para morar com o pai na fria e sempre nublada e chuvosa Forks. Na cidade, Beau conhece a misteriosa Edythe Cullen que assim como em Crepúsculo o salva de ser atropelado por um dos colegas da escola. Bem no início ele já se vê encantado pela moça e por mais que tente repelir sua vontade de estar perto de Edythe, essa atração só aumenta.

Mesmo sendo uma releitura de Crepúsculo, Vida e Morte vem com um final diferente do livro original, as mudanças, como mencionei, não foram apenas os gêneros dos personagens mas também o fim da história. Muitas pessoas já pensaram naquele  “e se” em relação a alguma situações que acontecem na trama, e nesse livro a autora nos permite visualizar essas possibilidades.

Quem ler Vida e Morte não encontrará uma cópia exata de crepúsculo, a autora fez algumas alterações de cenas e diálogos bem interessantes na história. Porém encontrei alguns erros de revisão, alguns em relação a continuação do gêneros dos personagens, mas não atrapalha a leitura. A edição trás Vida e Morte de um lado e Crepúsculo do outro no estilo vira-vira.


Segue a sinopse 
Livro: Vida e Morte - Crepúsculo Reimaginado
Autor(a): Stephenie Meyer
Editora: Intrínseca
Páginas: 391
Adquira: Saraiva| Submarino | Americanas | Travessa

Livro cedido através da parceria com a editora
Quando Beaufort Swan se muda para a melancólica cidade de Forks e conhece a misteriosa e atraente Edythe Cullen, sua vida dá uma guinada emocionante e apavorante. Com a pele de porcelana, os olhos dourados, uma voz hipnótica e dons sobrenaturais, Edythe é ao mesmo tempo enigmática e irresistível. O que Beau não percebe é que, quanto mais se aproxima dela, maior o perigo para ele e para os que o cercam. E pode ser tarde demais para voltar atrás... Em comemoração ao aniversário de 10 anos da publicação de Crepúsculo nos Estados Unidos, Stephenie Meyer fez Vida e Morte, uma corajosa releitura da icônica história de amor que vai surpreender e encantar os leitores. Esta edição especial dupla inclui ainda um prefácio da autora e o romance original na íntegra.

Diakova

terça-feira, 21 de junho de 2016

Hoje eu só quero coexistir

Acordei cansada de fingir sorrisos, de que está tudo bem, de dar bom dia pra quem eu não gosto, de seguir modelos que não considero correto, de falar de mim para parecer normal, de segurar o choro, dessa depressão que sinto cada vez que lembro de partes ruins da minha vida que não posso consertar, de ser forte o bastante para seguir sempre em frente, de nunca parar, de nunca pensar só em mim, de sempre pensar em gente, gente que seleciona os momentos pra me ter ao lado delas, quando eu, na verdade, as atendo sempre que posso.

Acordei cansada mas mesmo assim, me vesti, coloquei a farda da empresa, meus sapatos gastos, mas eram os mais confortáveis, e coloquei também minhas máscaras. Peguei minha bolsa e crachá e saí porta a fora para mais um dia de trabalho, que é no que eu amo, mas os dias, sua repetição, estão sendo cruéis comigo.

Acordei cansada de escolhas que temos que fazer o tempo inteiro, que roupa, que café da manhã, que música, que bolsa, que almoço, até decisões mais sérias, decisões de vida que quando vem, não nos dão folga e temos que resolver, e é ai que tudo se complica e muitas vezes, nossa vida fica de cabeça para baixo.

Hoje eu não quero tomar decisão nenhuma, somente hoje quero ser levada por meus instintos sobre como será o dia, ando cansada de absolutamente tudo, do que depende de mim e do que não. Sinto uma impotência do tipo incurável, inegável, e sei que não passará tão cedo, me sinto triste, mas ninguém percebe, estão ocupados demais observando quem você é por fora.

Hoje sinto que apenas devo existir, sem pensar em nada, sem querer agradar aos outros, sem querer ser o que eles querem, eles também podem ser quem quiserem, não vou me importar, não vou reclamar, mas não vou desistir de tudo, isso não é um relato de uma suicida em potencial, é apenas uma obrigação moral de falar como me sinto hoje, como estou cheia desse vazio das cidades, das redes sociais, dos telefones, e do mercado em si que te empurra junto com as massas e você nem percebe.

Acordei cansada desse caos em que vivemos e que muitos não percebem porque estão ocupados demais com suas superficialidades, desse jeito as individualidades vão ficando de fora, aos poucos as essências vão sendo esquecidas, e nós devemos apenas sorrir quando isso acontecer, e se falamos como nos sentimos, se cobramos atenção e zelo, somos carentes e pedintes de migalhas.

Mas hoje quero apenas cumprir meu dia, mais uma vez, sair de casa e voltar, sorrir mais uma vez, dizer que está tudo bem, ouvir as novidades alheias concordando sempre com um leve sorriso no rosto, quero apenas sentir que ainda estou aqui e que talvez amanhã eu reaja a algo. Talvez amanhã eu reclame de algo, escolha algo, ou faça uma pequena revolução em minha mente, mas hoje não, hoje só quero sentir o que pode acontecer, talvez amanhã eu até reflita que hoje foi um dia perdido, mas amanhã, hoje eu só quero coexistir.


Diakova


segunda-feira, 13 de junho de 2016

Dois livros para ler urgente..

A ilha da desolação

Combinando toda a ação e emoção típicas da literatura de aventura com uma impressionante precisão histórica, o escritor inglês Patrick O’Brian leva os leitores a mais uma viagem pelos sete mares ao lado do capitão Jack Aubrey e de seu inseparável amigo Stephen Maturin. A ilha da desolação é o quinto episódio de Mestre dos Mares, considerada por muitos uma das maiores séries de romances históricos já escrita, e que inspirou o filme de Peter Weir, estrelado pelo ator australiano Russell Crowe.


Neste livro, o navio Leopard ancorará no Brasil, mais especificamente em Pernambuco. Encarregados de resgatar o governador Bligh, famoso pelo episódio do Bounty, o capitão Jack Aubrey e seu amigo, o cirurgião Stephen Maturin, viajam até a Austrália, com o porão repleto de sentenciados. Entre eles, estão uma linda e perigosa espiã - além de uma doença fatal, que dizima parte da tripulação.

Sobre o autor
Richard Patrick Russ nasceu em 1914, na Inglaterra e, aos 15 anos, publicou seu primeiro romance. Escreveu muitos contos, mudou-se para Londres, onde se casou e teve dois filhos e, em 1940, separou-se. Durante a guerra, foi motorista de ambulância e empregado de uma organização de inteligência e propaganda, por meio da qual apoiou operações da Resistência francesa. Ao término do conflito, mudou seu nome para Patrick O’Brian e casou-se novamente. Com a segunda esposa, foi morar em uma cidade francesa às margens do Mediterrâneo, onde escreveu contos, romances, biografias e assinou traduções do francês para o inglês. Em 1969, publicou o primeiro dos vinte livros da sérieMestre dos Mares, que vendeu milhões de exemplares em todo o mundo e inspirou o filme estrelado por Russel Crowe. Patrick O’Brian faleceu em 2000.





Calor do sangue 

Publicado quase 70 anos após a sua morte, este romance é inédito. Em um calmo vilarejo no interior da França, o velho Silvio relembra sua juventude e observa a vida dos habitantes mudar radicalmente depois de uma misteriosa morte. A tranquilidade do campo dá lugar a uma atmosfera de intrigas e infidelidade. Este drama conduzido como investigação policial narra a avalanche de descobertas que fragiliza o equilíbrio das relações sociais no pequeno povoado. Calor do sangue tem como cenário o mesmo vilarejo em que Irène Némirovsky escreveu o consagrado Suíte francesa. 

Sobre a autora
Irène Némirovsky (Kiev, Ucrânia, 11 de fevereiro de 1903–Auschwitz, Polônia, 17 de agosto de 1942) foi uma escritora judia que viveu e trabalhou na França e morreu durante a II Guerra Mundial no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.

Diakova


Resenha - Como eu era antes de você.

O livro “Como eu era antes de você” faz simplesmente nós nos questionarmos sobre essa frase homônima. Como as vezes as pessoas passam por nossas vidas e marcam de uma maneira tão significante e até cruel, como as pessoas chegam em nossas vidas e simplesmente viram ela de cabeça pra baixo de uma maneira tão boa pra gente.

----------“Você só vive uma vez.
É sua obrigação aproveitar a vida da melhor forma possível”-----

Além disso, nos faz pensar nas pequenas coisas da

vida, e te toca profundamente, pela história de uma menina normal e um cara com deficiência física, que a princípio, parece não ser atraente.

--------“Às vezes,
você é a única coisa que me dá vontade de levantar da cama.”------

A história é narrada em primeira pessoa, por Louisa, personagem principal, mas ao longo da história, surgem falas de outros personagens, como o enfermeiro de Will e seu pai.

-------“Alguns erros…
Apenas têm consequências maiores que outros.
Mas você não precisa deixar que aquela noite seja aquilo que define quem você é.”-------

O livro fala de temas que são tão importantes para nossa vida e que muitas vezes não damos conta, como amor, tristezas, esperanças, oportunidades e até a morte, ou o que ela significa para quem não aguenta mais viver como Will vive. Apesar de ele ter muito dinheiro, um castelo e todos os cuidados necessários, ele sofre com dores, idas e vindas a hospitais e uma família nada estruturada emocionalmente, sua irmã mora longe e seus pais não aguentam mais viver juntos.


Will Traynor, tem 35 anos, e como já falei é rico, e muito. Inteligente, apesar de mal humorado, as vezes agressivo e tetraplégico, o que justifica o que falei anteriormente, sobre o que ele sente mesmo tendo todo o aparato necessário. Louisa Clark tem 26 anos, não tem ambições ou objetivos concretos, mora com os pais, tem uma irmã que é mãe solteira e um namorado que só pensa em exercícios físicos e perca de calorias.

--------“É isso. Você está marcada no meu coração, Clark.
Desde o dia em que chegou, com suas roupas ridículas,
suas piadas ruins e sua total incapacidade de disfarçar o que sente.
Você mudou a minha vida muito mais do que esse dinheiro vai mudar a sua.”-------

Louisa é demitida de um Café onde era garçonete há anos, e adorava o que fazia. Desempregada, ela começa a procurar emprego, mas não tem qualificações.  É contratada, depois de muitas tentativas numa agencia de empregos para ser cuidadora de Will por 6 meses, que mais tarde Louisa descobre o motivo do tempo determinado, com uma convivência bem difícil a principio, mas ele vai se abrindo de uma forma que não fazia com ninguém, nem com sua família, desde os quase dois anos de seu acidente.

--------“Você só pode ajudar alguém que aceita ajuda.”----

Ao longo da história os dois mudam muito e vivem um amor sem limites, sem preconceitos e lindo de verdade, mas é daqueles romances sem finais felizes, para nós é claro, que nos acostumamos com isso, esse amor traz um tom de realidade, nos faz ver como o amor é importante, mas que é necessário estar de bem com você mesmo para que ele cresça e seja digno de se viver. Na cabeça de Louisa eles estão prontos para se amar por toda a vida, na de Will não, inclusive foi a parte em que mais me emocionei, pois ele fala que o amor dela não é o bastante, mas é compreensível, pois você nesse momento já sabe dos sentimentos dele em relação a sua condição e acaba se colocando no lugar dele.

Portanto, vale a pena ler e ver o filme, vale porque não se trata de um romance clichê e sim um romance que nos remete a vidas reais ao amor e a morte, a tudo que julgamos importante e muitas vezes nem é. Nos traz uma lição de vida.

------“E sabe o quê?
Ninguém quer ouvir esse tipo de coisa.
Ninguém quer ouvir você falar que está com medo, ou com dor, ou apavorado com a possibilidade de morrer por causa de alguma infecção aleatória e estúpida.
Ninguém quer ouvir sobre como é saber que você nunca mais fará sexo, nunca mais comerá algo que você mesmo preparou, nunca vai segurar seu próprio filho nos braços.
Ninguém quer saber que às vezes me sinto claustrofóbico estando nesta cadeira que tenho vontade de gritar feito louco só de pensar em passar mais um dia assim.” --------


Diakova

Uma boa menina

"Uma boa menina sempre faz o que lhe pedem
Nunca sai do salto, tem paciência, não reclama.
Uma boa menina se arruma demais pela manhã
E permanece até a noite, acha feio "riscar" o corpo e vive na academia.

Uma boa menina não responde aos pais
Não fala mal dos parentes nem da família do namorado
E não se comporta mal nos lugares públicos.

Uma boa menina não anda só de preto
Não deixa o esmalte pela metade
Não gosta de objetos sinistros e nem de músicas metal."

-Uma boa menina é assim - você disse.
-Mas eu não sou assim. -digo eu, e completo.
-Quem disse que sou uma boa menina?

Diakova

terça-feira, 7 de junho de 2016

Por um tempo não te vi e não te culpo por isso

Ela é mulher que irradia luz, a beleza dela está no caráter e na sua essência única.
Eu ria, às vezes quando ela vinha falar que acreditava em sonhos, que ouvia sininhos tocando quando algo de bom se realizava na vida dela, quando isso acontecia, de eu rir, ela fazia uma careta e não se importava, continuava com seus ideais, nunca deixou se abater pelo que eu falava ou da forma que eu zoava com ela. Mas não eram utopias baratas, eram sonhos mesmo, e hoje sei que ela realizou o que mais queria, mas eu não faço parte disso, pelo menos não mais. Ela me dizia, “Você não entende, eu sonho alto, vivo para viver, se cair levanto, se sofrer aprendo”. E foi exatamente assim, sempre, com a mesma força e postura, minha ex-mulher admirável.

Num dia algo de ruim acontecia, no outro ela já se reinventava, era outra, com outro sorriso, mas tão lindo quanto todos os outros. Sempre que a vida mandava ela se doar, lá estava ela, pronta e disponível a mergulhar em qualquer oceano que fosse, sem hesitar, seguia seu coração e ninguém mais.


É complexa, organizada, metódica, mas às vezes pirava um pouco, e me deixava louco com tanta pergunta que eu julgava sem sentido, um dia ela me perguntou “quando foi a primeira vez que você subiu numa árvore?”, outro dia, “você sabe a cor que sua professora preferida mais gostava?”, ela é assim, pensa no que ninguém pensa, imagina o que ninguém imagina, quer o que muitos nem sabem que querem. Às vezes se sentia vazia, às vezes cheia demais que transbordava em mim, e eu, sem tempo, ocupado, pensando em outras coisas não parava pra ouvi-la de verdade, prestar atenção mesmo, ou quando falava de seus projetos ou quando falava suas banalidades tão vagas e ao mesmo tempo complexas demais pra mim.

Não suporta meias verdades, meios termos, meios amores, é exagerada, em tudo, no amor e no desamor, sente como ninguém sente, ri fácil, mas chora com toda sua emoção, e chora até com comerciais bobos. Para ela, o que mais importava eram as palavras que ninguém falava, os olhares que ninguém via, os sentimentos que poucos sentiam, ela observava e acho que por isso é que ela mais sofria ao meu lado, eu não tinha esse olhar.

Aqui, hoje, sozinho, me dou conta de como a conhecia, mas do quanto a tratava como desconhecida, como não reparava na mulher que eu tinha, sim, tinha, era minha, com toda sua mágica e loucura de quem tem sede e vontade de viver tudo ao mesmo tempo, de quem pensa a frente, mas que gostava daquele domingo gostoso em casa comigo. Me pego pensando nela em todos os momentos, mesmo depois de tanto tempo afastados. Há meses não a vejo, a ultima vez foi cruel, de lá para cá não parei de pensar nela, e na vida que ela foi pra mim, não paro de pensar e acho até que meu pensamento tem vida própria, não se controla. Vêm nos meus olhos os olhos dela, no meu nariz o cheiro dela, na minha mão os cabelos dela, e aqui na casa a presença dela, em tudo.

Quando nos vimos, ela estava bem, mais magra, mas mais bonita, falou comigo sem cerimônia e me abraçou, o perfume era o mesmo, e creio que o xampu também, senti seu cheiro bom e familiar, aquele cheiro de passado bom, que sei que não volta mais, sei que sou incapaz de consertar tudo de uma vez, mas não sou incapaz de ama-la novamente, de fazer seus dias felizes novamente, de fazê-la sentir que somos pra sempre mais uma vez.

Ela sem dúvida foi a mulher mais linda que eu conheci, não por ter um corpo escultural, nem por ser vaidosa, adorava seus coques e camisetas largas quando andava pela casa, ela é linda por sua sensibilidade dentro de uma mulher tão forte, é linda por causa de um sorriso frouxo que sai toda hora em belas gargalhadas, por seu jeito de mulher que as vezes não se importa mas que cuidou de mim com toda sua dedicação, com todo seu amor. Amor que era tão grande que não cabia mais em nós, ou melhor, nela, e eu não ajudei a guardar esse amor, ao menos não permiti que ela percebesse o quanto a amava, deixei-a ir, inerte, sem forcas, sem argumentos para que ela ficasse. Há muito erros ruins, mas não perceber o quanto ama uma pessoa e o quanto ela faz diferença na sua vida é sem dúvida um dos erros que mais doem de serem cometidos.

Diakova

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Há pessoas que são diferentes, mas se amam, e nós somos assim.

Quando eu cheguei ele já estava, vi pelo vidro que dividia as duas salas de entrada da recepção do prédio.
Estava distraído e não me viu, me aproximei, toquei em seu braço e ele num sobressalto virou e me olhou, meio sem graça me cumprimentou, sem beijinho ou uma manifestação maior de afeto, apenas seu olhar me parecia acolhedor. 

Saímos do prédio e caminhamos pela rua até um bar próximo, pedi uma cerveja e ele também, nos sentamos e ficamos por alguns segundos sem nos falar, apenas nos olhando enquanto bebíamos os primeiros goles da cerveja. Até que ele tocou na ponta dos meus dedos que estavam sobre a mesa esticados quase tocando nele. Um toque, só isso, mas foi a conexão que eu precisava, certamente ele não percebeu, mas meu corpo tremeu e eu percebi o quanto sentia falta daquele toque, não era estranho nem desconhecido, tinha ar de novidade e de nostalgia, difícil dizer.

Ele colocou a cerveja na mesa, eu também, e começamos a conversa com um perguntando como o outro estava, depois, partimos pra parte da conversa em que mais ficamos calados que falando, os olhares diziam que nos amávamos ainda e o quanto um faltava pro outro, o quanto nossa história não havia acabado e o quanto de novidades estavam por vir. Até que começamos a conversar e falar cada um de sua vida, falamos das lembranças, de situações engraçadas que passamos e do que tínhamos saudade, foi ai que ele me falou que existem pessoas que são diferentes, mas que se amam, e nós somos assim.

Essa frase entrou na minha cabeça como uma bala de canhão, se é que isso pode ser uma comparação plausível, foi um impacto muito forte ouvi-la, foi ai que eu percebi o quanto sou imatura ainda, o quanto ele me ensinava lições e o quanto era enriquecedor ser dele. Essa frase pra mim foi como dizer que eu não percebi suas diferenças ou não as aceitei, foi mais um ensinamento dele pra mim, e foram mais palavras que me machucaram por dentro, mas me fizeram crescer mais uma vez.

Eu parei pra pensar o quanto somos indiferentes e egoístas em nossos relacionamentos, o quanto damos importância a coisas pequenas e deixamos os grandes momentos de lado, pensei em como eu poderia me culpar, ou desculpar do que havia acontecido a nós. E sim, bateu uma dúvida imensa das certezas que eu tinha sobre o que eu queria de fato. Porque eu sei que da primeira vez eu quem não quis, da segunda também, fingi que não estava ali. E hoje ver aquele homem sorrindo pra mim, perto de mim, me falando palavras que quero ouvir era quase algo inalcançável, mas estava acontecendo.

As vezes, temos a mania de idealizar tudo, pensar em tudo e até planejar tudo que irá nos acontecer, mas não, não será assim, as coisas irão acontecer como tem que ser, baseado no que fizemos nos momentos anteriores. Eu posso até estar enganada novamente, mas tenho certeza de que não tenho dúvidas, eu quero ele pra mim.

Apesar de meio sem graça, eu não estava com um estranho, eu tinha tudo que eu queria bem ali, na figura dele, nos olhos dele. Em um momento ele me olhou e com muita serenidade me falou o quanto gostava de mim, minha vontade era abraçá-lo bem forte, mas me contive, não sabia se era apropriado. Na minha frente estava aquele homem que sempre foi tão especial pra mim e que agora não era mais meu, não por inteiro.  

Quando terminamos, não por falta de assunto, mas pelo tempo, caminhamos mais um pouco, ele tocou minha cintura, eu toquei a dele, depois peguei seu braço e ali parecíamos mais uma vez um casal apaixonado e despreocupado, meu coração pulava de ansiedade e minha cabeça quase explodia com mil pensamentos, no ponto de despedida, ele me abraçou e me beijou, um beijo quente, dividido em dois, devagar, familiar. Como pode ser, será que é possível voltar a um mundo mágico mais de uma vez? Será que podemos nos permitir vivenciar momentos que nós deixamos para trás? Não sei, mas depois daquele beijo senti que talvez sim, que poderia ser feliz novamente e que ele poderia ser meu motivo de felicidade. Ele poderia me devolver toda a mágica que foi amá-lo. Ele poderia concertar tudo e juntar os pedaços que eu deixei na partida. Entes de ir embora ele me olhou nos olhos e me pediu que pensasse, que queria muito, mas que dependia de mim, da minha certeza. Mais um abraço e foi embora.

Fiquei olhando ele partir, de costas, andando devagar, parecia leve, mas senti que o deixava ir, que ele escapava, se ia de mim. Senti que seria a última vez, e que a nossa conversa tinha sido uma dívida paga por ele depois de tanta insistência minha, afinal, ele parecia bem sem mim, parecia ter superado, mas não dei margem a esse pensamento. Eu, na minha impulsividade o que eu queria era ir com ele, mais uma vez, mas não fui, segui meu caminho, fui embora também. O que ficou foi uma certeza, que nos amamos ainda, que precisamos um do outro, mas que o momento não é agora, talvez já tenha passado, talvez não chegue nunca.


Diakova




sábado, 4 de junho de 2016

Traços de uma mente sem paz

O barulho da minha mente
não me deixa esquecer
do silêncio que você deixou aqui.

Ele faz menos barulho
que essa calma ensurdecedora nesse quarto.

Olho-me no espelho e vejo o que você deixou.
Não me vejo
nem vejo além.
E aparentemente está tudo bem.

Diakova