Acordei cansada mas mesmo assim, me vesti, coloquei a farda da empresa, meus sapatos gastos, mas eram os mais confortáveis, e coloquei também minhas máscaras. Peguei minha bolsa e crachá e saí porta a fora para mais um dia de trabalho, que é no que eu amo, mas os dias, sua repetição, estão sendo cruéis comigo.
Acordei cansada de escolhas que temos que fazer o tempo inteiro, que roupa, que café da manhã, que música, que bolsa, que almoço, até decisões mais sérias, decisões de vida que quando vem, não nos dão folga e temos que resolver, e é ai que tudo se complica e muitas vezes, nossa vida fica de cabeça para baixo.
Hoje eu não quero tomar decisão nenhuma, somente hoje quero ser levada por meus instintos sobre como será o dia, ando cansada de absolutamente tudo, do que depende de mim e do que não. Sinto uma impotência do tipo incurável, inegável, e sei que não passará tão cedo, me sinto triste, mas ninguém percebe, estão ocupados demais observando quem você é por fora.
Hoje sinto que apenas devo existir, sem pensar em nada, sem querer agradar aos outros, sem querer ser o que eles querem, eles também podem ser quem quiserem, não vou me importar, não vou reclamar, mas não vou desistir de tudo, isso não é um relato de uma suicida em potencial, é apenas uma obrigação moral de falar como me sinto hoje, como estou cheia desse vazio das cidades, das redes sociais, dos telefones, e do mercado em si que te empurra junto com as massas e você nem percebe.
Acordei cansada desse caos em que vivemos e que muitos não percebem porque estão ocupados demais com suas superficialidades, desse jeito as individualidades vão ficando de fora, aos poucos as essências vão sendo esquecidas, e nós devemos apenas sorrir quando isso acontecer, e se falamos como nos sentimos, se cobramos atenção e zelo, somos carentes e pedintes de migalhas.
Mas hoje quero apenas cumprir meu dia, mais uma vez, sair de casa e voltar, sorrir mais uma vez, dizer que está tudo bem, ouvir as novidades alheias concordando sempre com um leve sorriso no rosto, quero apenas sentir que ainda estou aqui e que talvez amanhã eu reaja a algo. Talvez amanhã eu reclame de algo, escolha algo, ou faça uma pequena revolução em minha mente, mas hoje não, hoje só quero sentir o que pode acontecer, talvez amanhã eu até reflita que hoje foi um dia perdido, mas amanhã, hoje eu só quero coexistir.
Diakova
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