segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

É possível amar nos dias de hoje?

Hoje me deparei com esse pensamento. Será mesmo que é possível amar hoje em dia? Amar mesmo, sem reserva, aquele amor não romântico ou fantasioso, mas aquele amor seguro, bom de amar, bom de viver, com aquela pessoa que vale a pena?

É possível amar quando você tem medo de aceitar um convite porque por mais que você converse não sabe as intenções da outra pessoa? Porque ela simplesmente escorrega e mente? Ou porque a gente já foi tão pisada que esse medo nem se justifica, mas está lá, como um radar e ao menor sinal ele faz um barulho enorme e você recua feito um cachorrinho para dentro da casinha em dias de fogos na rua. Desculpe a comparação, mas é assim que me sinto nos últimos dias, você conversa com uma pessoa aparentemente legal, com qualidades aparentemente legais e vai gostando, e ai ela se solta com um papinho que você imagina, poxa! Ela só queria isso? Ou... por que que ela falou isso? E ai tudo desmorona no seu pensamento, as pequenas expectativas que existiam caem por terra e você volta a estaca zero, não estou dizendo que estamos loucas por relacionamentos, acho até que estamos na melhor fase, nós mulheres, estamos mais fortes e mais espertas, mas isso não nos impede de conversar com aquele carinha que puxou assunto no insta ou no wpp. 

Mas ai que está, na maioria das vezes nós só perdemos nosso tempo porque eles não perdem mais tempo na conquista, não perdem mais tempo procurando nos agradar sendo homens de verdade, não perdem mais tempo com falação de mulher. Hoje há um imediatismo muito grande nas "relações" que acabam ficando líquidas e superficiais, e a cada fracasso nós vamos nos tornando mais desconfiadas, e mais reservadas, e o amor de verdade não permite reservas, mas como saberemos? Como podemos apostar se não nos sentimos seguras?

Aqui, sozinha, tomando meu vinho quase diário, estou escrevendo na tentativa de dividir um pouco do que escuto todos os dias, de pré-relações que acabam antes de começar, de conversas que nem dão tempo de serem encantadoras. Sinceramente? Nem sempre fui assim, eu não tinha um ouvido tão apurado assim e nem apreciava a solidão com uma taça de vinho na mão, mas hoje o meu melhor momento é quando estou comigo, quando estou me curtindo, quando processo o que ouço e aprendo com isso, quando cresço, mesmo sem ninguém aqui para comprovar, e sei ainda que mesmo estando com pessoas ao meu lado posso estar só, já estive tantas vezes. Nem sempre a companhia está de fato com você.

Claro que ainda acredito no amor, lógico! Só não sei se é possível amar. Se procuro? Sim! Mas hoje com cautela, com paciência, com desconfiança e muita reserva. Sei que existe algo pra mim, nem que sejam minhas amigas, que sei que me amam de verdade ou minha família que faz tudo por mim, talvez eu possa passar pela vida tendo apenas esse tipo de amor, mas quer saber? Não me preocupo mais tanto assim, o que me preocupa é essa incerteza das relações, porque elas surgem, porque a gente embarca, porque a gente sempre acha que pode ser possível? Não sei, e se você souber hoje, com essa pessoa que está com você que é possível amá-la, ame, mas ame muito e faça ela sentir que é a pessoa mais especial do mundo, porque isso voltará para você. 

Mas se assim como eu você ainda tem dúvidas, pense assim "Estou hoje aqui pra mim, pros meus sonhos, pros meus objetivos, e se eu tiver de construir um relacionamento em que eu não seja amada de verdade, que eu não seja especial ou que não o veja como especial, ele não me interessa". 

Diakova

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Você só conheceu o cavalo do príncipe, ele mesmo? Ainda não!

Muitas vezes, até sem perceber nós damos uma de louca-psicopata-da-carência e isso não é defeito ou um problema muito sério, é até normal ou aceitável passar por isso uma vez ou outra, mas quando isso se torna rotina nos relacionamentos fica bem preocupante. Nós conhecemos uma pessoa e já vêm um milhão de expectativas, mesmo que leves, mas a gente imagina sim algumas situações em que viveremos super felizes com essa pessoa. Mas e aí quando você parte para aquela fase em que você praticamente se humilha por atenção, por carinho ou por uma mensagem? Quando a pessoa te dá um tiquinho de atenção e você  já se contenta? Parou! Isso não é legal.

Não falo de deixar de lado e não se importar, eu falo de você  se pôr em primeiro lugar sempre, de você  saber observar se você  está investindo ou apenas insistindo. Porque às vezes a pessoa é fofa um pouquinho só e nós já estamos lá louca de amores achando que sim, agora vai me fazer a pessoa mais feliz do mundo. A pessoa não te chama para sair toda semana, mas na semana que chama você  já está prontinha e cheia de planos, se está assim é porque você  se contenta com pouco, é porque você  não sabe o quanto você  é especial e merece mais. E quando se der conta você  vai estar presa a uma situação que foi criada na sua cabeça, vivendo uma história que só você respeita com uma pessoa que nem gosta de você tanto assim.

Nada na vida pode ser migalha, em nenhum campo da sua vida você pode se contentar com pouco, se for para ser que seja muito, intenso, de verdade, seja amizade ou relacionamento, em tudo tem que haver entrega. A gente não pode se deixar atrair por situações em que não há entrega total, situações medianas, do jeito que dá, isso não existe, se a pessoa quer ela quer, ela vem atrás, te liga, te procura, faz de tudo para estar perto, ela dá um jeito.

Vai chegar um dia em que você vai conhecer "aquela pessoa" e vai saber que é a hora, e você  pode pensar que isso já aconteceu e que não deu certo, não! Em algum momento você  viu que aquele relacionamento não estava certo, que era sem futuro e que iria acabar, porque você só conheceu até hoje o cavalo do príncipe, ele mesmo? ainda não! E ai você  vai se deixando humilhar em relações que não vão durar, mas que por carência ou só vontade de namorar você  vai embarcando.

Não precisa ter coração de gelo, só precisa se enxergar mais, só precisa não ser a louca-psicopata-da-carência nem de vez em quando, e nem dá valor demais a quem é apenas ao cavalo do príncipe.

Diakova


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Dessa vez eu me importo, sim!

Nunca liguei muito com o que as pessoas pensavam de mim ou do que eu fazia, sempre vivi de um jeito que as pessoas até pensavam que eu não me importaria muito se elas me magoassem “só um pouquinho”, afinal eu era muito forte e segura (piada, né kkkkkkkk), mas em tudo sempre fui lá e dei o meu melhor sem pensar no passado ou no futuro, sei que pode parecer drástico demais, e eu mesmo não caio nessa vibe de “viva a vida intensamente” não é isso, a questão é, se você tiver medo do passado estará condenada a revivê-lo todo dia, estará presa a algo que nem sequer você pode controlar mais ou influenciar, e se viver pensando no futuro não concretizará nada. O futuro nunca chega e o passado tem que ficar lá, quietinho, até porque não é para lá que você vai. Nem pense nisso!
Não me arrependo de nada que fiz, claro que têm umas coisinhas que eu tiraria aqui ou colocaria ali, umas pessoas que eu mandaria para China outras colaria aqui em mim, mas no geral, das minhas atitudes eu tenho plena certeza que fiz tudo porque eu quis, muitas vezes até sabendo que não ia dar certo, e porque hoje me sinto assim? Tão vulnerável, tão escrava de sentimentos que querem vir, querem me fazer bem e eu insisto em não
deixá-los?
Uma das razões, creio eu, é que a minha tendência é de jogar minha felicidade na mão das pessoas, e não é assim, a gente não pode simplesmente dizer “pega, toma minha felicidade, e cuida bem dela hein, me faz feliz” e pronto, achar que tudo está resolvido. E não era assim que tinha que ser, eu tinha que deixar as pessoas me ajudarem, tinha que deixar elas fazerem o papel delas e eu o meu, eu tinha que tomar as rédeas da minha vida e me fazer feliz, porque só é feliz a dois quem já é feliz sozinho.
E eu mesmo me doando e me entregando tanto, dando o meu melhor, eu estava fazendo do jeito errado, mas também sei que não arruinei tudo sozinha, também sei que a culpa não foi só minha, e isso sempre me importou sim, eu sempre fui atrás, sempre puxei a conversa, sempre perdoei, sempre relevei, sempre eu, eu e eu. Tomei pra mim toda a responsabilidade dos relacionamentos, assim como a decisão de terminá-los. Assim como tudo na minha vida eu vou lá e tomo pra mim, mesmo que internamente, mas pego toda a carga.
Então porque que agora eu tenho que aceitar esse conselho? “...deixar o tempo passar...” ? Não, eu preciso, quero e vou mergulhar de novo e de novo e quantas vezes forem necessárias, porque é assim que tem que ser, eu sou assim, só que dessa vez de uma forma mais sofisticada e vendo cicatrizes que não vão me deixar falhar, eu me importo sim e não vou deixar o tempo passar, não! Eu vou mais uma vez atrás, vou puxar sempre a conversa, vou perdoar, vou relevar e vou aceitar, mas de outra forma, me aceitando antes e me fazendo bem antes, me importando principalmente comigo. Porque hoje eu sei que por mais que o tempo passe, dentro da gente não é tão simples assim, dentro da gente é tudo bagunçado e prestes a nos derrubar, dentro da gente há uma série de barreiras prontas pra atravessar na nossa frente, nos sabotar.

E essa bagunça só é resolvida quando você realmente se importa e organiza seu tempo, aproveita ele, sente ele passar por você sabendo que você está dando o seu melhor, outra vez? Se arriscando? Sim, e daí? É assim que vivemos, caindo menina e se erguendo mulher.

Diakova

"Vó sinônimo de amor" de Lucas Alcântara - Poeta potiguar



Me lembro do passado
Dos carinhos e afagos
Das férias do interior
Do bolo preto e do beijur
Da manga, castanha e caju
Casa de vó e de vô

Me lembro das histórias
De um tempo de muita glória
Das férias no interior
Sinto falta daquele tempo
Que passa conforme o vento
Que saudade meu senhor

Saudade no peito é forte
Às vezes, dói como um corte
Saudades do meu interior
Onde sempre tinha um abraço
Mesmo em meio a tanto cansaço
Você nunca nos abandonou

Hoje você foi embora
E o meu coração chora
Só saudades que restou
Agradeço por tudo que você fez
Você que foi mãe duas veiz
VÓ SINÔNIMO DE AMOR!

Lucas Alcântara
Poeta

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Objetos cortantes

É, mais uma vez eu recebi hoje “aquela” sacola com minhas coisas, são outros objetos, claro, mas com o mesmo significado, “aquelas” coisas que a gente deixa na casa dela de propósito, que mesmo ela sendo super organizada deixa você colocar suas coisas onde quiser, “aquela” sacola com “aqueles” objetos que você talvez nunca mais consiga usar porque vêm com tanto significado que é impossível até de revalidar o valor deles. Objetos que você comprou ou usou pensando nela, por ela e para ela, claro que não é o mais adequado fazer isso, mas eu chamo de entrega, ou pelo menos, a tentativa dela, eu chamo de recomeçar, reescrever, reinventar.

Aqui sentado em frente à sua casa, depois de você friamente, ou aparentemente, me entregar minhas coisas estou pensando como tudo aconteceu, como eu fui deixar acontecer, como eu não percebi por onde estávamos indo, me pergunto porque que eu não falei, porque que eu joguei em você a responsabilidade de me entender e pronto.

Estou aqui sem coragem de andar pra casa, ou de olhar novamente para o seu portão, até a calçada me faz lembrar dos comentários sobre as sandálias que você usava a cada encontro nosso e que eu olhava para baixo para acompanhar o seu raciocínio, sem entender bem, mas prestar atenção ao que você falava já era o suficiente pra mim, eu era seu espectador. E estou mais sem coragem porque daqui dá pra ver no outro lado da rua o restaurante em que nos encontramos a primeira vez, lembro que só tínhamos nós quando chegamos, e que lotou e depois esvaziou, e nós lá, conversando, eu claro falava sem parar e você, na maioria das vezes, deixava de falar para me ouvir, não era egocentrismo, era só nervosismo mesmo, porque você era e é do jeito que eu pedi em minhas orações.

Você ainda vai continuar o sendo o meu modelo ideal de pessoa, de mãe, de amiga, mas não mais a terei em meus braços, não a sentirei tremer de frio no cinema, ou apertar minha mão quando uma cena te assustava, não vou mais olhar você no meu sofá assistindo com toda seriedade a seus filmes chatos, nem vou mais esperar que você me toque ou me faça carinho, algo que sempre foi tão escasso pra mim, não vou mais tocar nos seus cabelos, e até olhá-los para mim será estranho agora, não irei mais perguntar como você está toda hora, juro, eu acho que se a decisão foi sua de ir, eu tenho simplesmente que deixar, eu sinto que você me ama, sua cara ao apenas me entregar minhas coisas e já voltar sem me dá chance de um abraço me disse que você estava prestes a desabar, mas eu respeitei.

Ainda estou aqui olhando agora de frente pra sua casa, lugar onde passei os melhores e piores momentos da minha vida nos últimos dias, lugar em que pude fazer planos novamente mas que agora eles já não são mais seus planos.

Esses objetos não são mais meus, eles são da nossa história, que também não se acabou, ela está lá, em algum lugar bom, algum lugar em que ela vale a pena, está na minha lembrança e na sua, tenho certeza, está marcada. Esses objetos também não tem mais sentido pra mim, eles foram batizados na nossa história, foram feitos pra ela, estavam dentro dela literalmente, essa sacola representa muito pouco da bagagem que deixei na sua casa, representa pouco do que eu gostaria de deixar ainda, mas que não deu tempo.

Não sei quando chegar em casa e tiver que desembalar e me deparar com coisas que eram tão familiares na sua casa, parece que delas saem palavras, saem sentimentos, a acho mesmo que saem. Talvez essas coisas fiquem num canto do meu quarto por dias, ou talvez eu guarde ou dê fim a tudo, mas de uma coisa eu tenho plena certeza, elas serão pesadas, serão carregadas pra sempre com o sentimento que dei a você. Serão como amuletos de amor, como passes para uma liberdade compartilhada, mas também serão símbolos de tristeza e de fracasso. Não me veja como pessimista, é que, às vezes, você simplesmente fracassa, normal, você volta, recomeça e faz mais uma vez a vida valer a pena, mas sabe que “aquela” sacola vai está sempre ali, dizendo que um dia você foi tudo que eu quis pra mim.






Diakova

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Dessa vez eu preciso ficar só

Embora eu seja aquela que sempre gosta de mensagens de bom dia e ligações fora de hora, que presta atenção as trilhas dos filmes tentando sempre se encaixar nas histórias delas, aquela que sempre faz planos para o futuro com alguém ou de como esse alguém poderia ser, agora eu quero ficar sozinha. Sim, sozinha.

Sempre engato em relacionamentos que no início são incríveis e perfeitos, mas que pouco tempo depois simplesmente mudavam e me atropelavam, me maltratavam, e eu como "vítima" me lastimava e não entendia o que tinha de errado, será que era azar? O universo? O mundo? O homem do cuscuz  que me atrapalhava? Não, era eu!

Hoje eu consegui sair de mim, e só assim caí na real sabe, como um sacode de dentro pra fora, e só assim pude ver a situação, pude ver que eu não me amei o suficiente, eu não me curti o bastante, eu não me quis primeiro, não me agradei primeiro, não entendi o que eu queria, só levei em consideração o que eu precisava, de alguém, aliás, achava que precisava.

Sim! Essa senhora aqui que sempre foi carente de alguém, de uma história, de um momento, de pequenas felicidades, de pequenas palavras que faziam a diferença para mim, necessita estar só.

Eu sempre gostei e gosto de alguém pra dormir junto, e realmente adoraria, aliás eu iria amar, mas realmente preciso ficar sozinha, estou tão cansada. E até meu coração me diz baixinho "vai, para vai, vem descansar". E é isso, preciso realmente de um tempo para me amar antes de acreditar novamente que alguém me ame, antes de me jogar por inteiro, como sempre faço, dentro da vida de outra pessoa, e fazer da vida dela a minha vida, dos problemas dela os meus e dos planos dela os planos da minha vida.

Não estou sendo chata nem nada, só quero informar que preciso dessa faxina, dessas férias, seja lá o que for, sei que você vai dizer que eu só quero aproveitar a vida, ou seja lá como você vai chamar, mas talvez seja isso mesmo, preciso aproveitar a minha vida e não a de outra pessoa, não os gostos ou horários de outra pessoa, preciso organizar a bagunça que tá no meu coração, preciso me sentar na cama e pensar por onde começar. Preciso de mim, e não há nada nem ninguém que me tire desse momento.


Diakova


segunda-feira, 29 de maio de 2017

Biblioteca?Não, é o lugar-proibido-para-os-alunos-mais-legais

Eu era baixinha, o que já era motivo, e também usava óculos - como se ter a estatura mais baixa que noventa e nove porcento da população não fosse o suficiente - que eram bem grandes e pretos, o que marcava bem meu rosto, mais um motivo, e você deve estar se perguntando, pra quê? Motivo para eu ser "aquela garota da sala", sim aquela que ninguém lembra o nome e nem se veio pra aula, e quando alguém, o que raramente acontece, pergunta, dizem "aquela garota da sala" e ai todo mundo já sabe. Se era ruim? Sim, mas às vezes era bom porque ninguém me enchia, e eu podia fazer o que eu quisesse. 

Como no dia em que fui à biblioteca, sim! BIBLIOTECA, por que escrevi assim? Porque era o lugar-proibido-para-os-alunos-mais-legais, na opinião de de muitos. Quando digo muitos, são muitos mesmo, cada grupinho tinha sua regra, e a maioria dos grupos não gostava da biblioteca, tinha até uma professora que não deixava os alunos entrarem na hora do recreio pra não "bagunçar" os livros. 

Quando entrei, e foi a primeira vez, notei que ficaram na porta várias cabecinhas, uns hostilizando, outros rindo e outros morrendo de inveja porque entrei na BIBLIOTECA, não cheguei a olhar pra trás, quis mostrar que estava decidida, e estava mesmo. Assim que que virei o rosto novamente pra frente meus olhos e boca se abriram e minha cabeça levantou, meus olhos acho que brilhavam, e refletiam nos livros, porque eles também estavam brilhando.

Fiquei parada por alguns instantes e depois fui dando pequenos passos, e passando a ponta dos dedos nos títulos e olhando, lendo rapidamente aquelas centenas de livros, estavam empoeirados, mas bem organizados, quando olhei por entre uma prateleira, a moça da biblioteca estava me olhando com a cabeça meio baixa e os óculos quase caindo pelo nariz, quando percebeu que eu estava vendo, ela se recompôs rapidamente e me deu um sorriso bem amigável, mas que dava pra perceber sua surpresa.

As estantes eram bem altas, organizadas e eram muitas, muitas mesmo. Na sala tinham ventiladores enormes que faziam muito barulho, o único da sala, o chão era uma cerâmica escura, que parecia bem antiga, e estava extremamente limpo, depois das estantes tinhas várias mesas redondas com cadeiras bem confortáveis e umas baias individuais com cadeiras também bem acolchoadas. 

Me aproximei da moça da biblioteca e timidamente, mas ainda determinada, e perguntei se podia alugar um título, e ela sorridente mas contida, falou que sim, percebi sua alegria, já só que havia nós duas lá. Dei um sorriso de retribuição. Voltei e continuei a olhar e olhar os livros, e escolhi o livro QUEM ROUBOU MINHA INFÂNCIA, a autora era Maria da Glória Cardia de Castro. 

Quando saí da biblioteca pra ir pra casa a sensação foi de ter feito algo grandioso, todos no corredor me olhavam e tive a impressão de que me aplaudiam e torciam como na final de um campeonato, mas tudo silenciosamente, senti isso nos olhos deles, na expressão deles, até os que não gostavam da biblioteca por que era o lugar-proibido-para-os-alunos-mais-legais, me olhavam como se eu tivesse cumprido um desafio.

Em casa já, entrei e passei direto pro meu quarto, joguei a mochila e comecei a ler, a história falava de uma menina chamada Luciana que sonhava em tocar piano, e consegue aulas com Marina, sofria muito com a rejeição da mãe e até mesmo com a agressão dela em certo momento do livro, mas tudo acaba de um jeito bem legal, mas isso eu conto depois.
Foi o meu primeiro livro, li tão rápido que nem percebi, o tratei de um jeito tão cuidadoso que parecia mais uma joia, ficava tardes e tardes deitada na cama lendo, viajando naquela história, tanto que esquecia até de comer, e minha mãe até chegou a ficar preocupada com meu isolamento, o que era engraçado.

Depois desse dia não parei mais, entrava e saía da biblioteca com toda segurança e até conversava com Laura, a moça da biblioteca que depois aprendi que ela era bibliotecária, ela era bem gentil comigo, sua única cliente assídua. Ler pra mim se tornou meu refúgio maior, onde eu ria, chorava, conhecia lugares novos, jeitos novos e personagens incríveis que mudaram minha vida. O livro era meu fiel amigo, que sempre tinha algo pra me dizer, foi o melhor dia naquela escola, aquele dia em que decidi entrar na biblioteca e não ligar para o que os outros achavam. Mas depois percebi que o melhor dia foi quando cheguei na biblioteca e tinha fila.


Diakova

quinta-feira, 25 de maio de 2017

A única carta.

Ao pensar em escrever uma carta para você eu me dei conta que nunca havia feito uma, na efemeridade dos dias, nunca parei para escrever uma carta, meio no qual acho muito mais sincero até do que olhar nos olhos.

Quando fui começar percebi também que não sabia o que escrever, e me entristeci com isso, significava que não tinha mesmo o que falar, que no fundo sabia que não adiantaria, que palavras não resolveriam, e olhe que muitas delas foram usadas para te convencer do que eu queria.

Sempre te pedi tão pouco, sempre foquei no que você poderia fazer, expliquei, expliquei, deixei claro como queria que fosse, não era nada de perfeição como você achava, era apenas a correção de alguns erros que não só eu enxergava,  o que eu via era a seu enfado em tentar fazer, e fracassar e voltar com as mesmas atitudes.
Chorei muito ontem,  não por você ou por saudade,  mas por ser obrigada a recomeçar, e redundantemente, novamente, agora com um coração tão cansado que  chega a ter má vontade. Chega a doer esse fracasso, nesse amor estavam as últimas expectativas, os últimos suspiros de um coração tão esforçado, mas tão pisado.

Chorei também no chuveiro,  me senti desamparada, sozinha até por dentro, não havia pensamentos,  não havia planos, havia somente um nó na garganta e um corpo frio sentido a água fervente descer por ele , e mais nada. 

Até a toalha falou quando a encostei no meu corpo e ela o cortava sem dó. 
Não estou arrependida, mas não estou bem com tudo, não queria isso, mas fui obrigada pela razão a fechar com ela e mudar, e você não percebeu, você  não se importou, não reparou, estava ali e não estava, achava mero comportamento inadequado, mero chilique de mulherzinha.

O pior de tudo é saber que você me amava, segundo você, e achava que estar ali era o suficiente, que realmente queria estar comigo, mesmo que do seu jeito errado, pior é saber que eu que fui desgastando e  me afastando, até as vezes te maltratando. Talvez, se você não gostasse de mim fosse mais fácil.
Agora continuo aqui, com tudo mais uma vez por organizar, por recomeçar, por onde ? Não sei. Inteira? Com  certeza, não. Mas com menos pedaços quebrados certamente, com a cabeça cheia e vazia? Sim. Mas cheia de você e das lembranças tão lindas que vivemos em tão pouco tempo. Voltar atrás? Não sei. Pode ser. Se vai dá certo? Só o tempo nos mostrará, mas dessa vez, certamente veremos com mais clareza. 

Diakova

Resenha 'Não se enrola, não' - Isabela Freitas


Para ler e reler muito...

Nesse livro, que como os outros dois da Isabela Freitas são muito bons de ler, ela vai se enrolar, e agora com ninguém mais ninguém menos que Pedro Miller. E que por opção dela, eles vivem uma amizade colorida, que dá muito assunto bom para o livro.


“Enrolar-se: pensar de um jeito e fazer exatamente ao contrário. Não sei por que a gente se enrola tanto. Diz o que não quer, não diz o que deveria e, quando se dá conta... Tudo o que pedi foi um amor fofo. Um amor coloridinho. Mas ninguém me disse que EU é que teria que colorir, né? Sinceramente, esperava bem mais desse tal de amor.”

Como nas outras obras, a autora se utiliza de frases sobre relacionamentos e histórias engraçadas e trágicas da vida da autora que, uma vez mais, nos prende a essa leitura tão prazerosa e tão intimista, pois muitas pessoas que leram, se identificaram bastante.
 
Ela está sem dúvida mais madura, louquinha, como nós kkkk ainda, mas também totalmente focada em conseguir alcançar seu sonho de ser escritora.Ela larga tudo, família, faculdade e amigos e vem para São Paulo, trabalhar numa editora.

Mas é aí que Pedro vem também, e o que era só amizade dá lugar a um algo a mais, que não é um namoro, é um 'isso' como ela mesmo fala, um relacionamento enrolado, mas que a deixa completamente apaixonada pelo melhor amigo.

“Misturar amor com amizade é uma combinação perigosa. Você pode se encantar mais do que gostaria.”

O que é melhor de ler os livros da Isabela Freitas é que ela narra uma protagonista igual a qualquer mulher, um pouco insegura, imperfeita, desastrada, platônica, sonhadora, corajosa e muito mais, além disso, com suas vivencias tão próximas das nossas, ela nos faz aprender sempre, cair e sempre levantar.

"Por que, então, mesmo sabendo que palavras são tão importantes, às vezes insistimos em engoli-las? Histórias são formadas por palavras, e não por aquilo que ficou para dizer. Palavras não têm utilidade alguma quando deixam o silêncio falar mais alto. O silêncio diz muitas coisas e cada pessoa o interpreta de uma forma diferente. Não deixe que o silêncio fale por você."

Desde o primeiro livro a autora nos leva a uma identificação imediata com a Isabela do livro, porque afinal, quem nunca se apegou, se iludiu ou se enrolou?

Diakova

Ficha-----------------------------------------
Título: Não se Enrola, Não
Autora: Isabela Feitas
Editora: Intrínseca
Ano: 2016
Preço: livro físico R$ 20,33  ◘   livro digital R$ 14,90
Onde comprar: Saraiva, Submarino, Lojas Americanas, Martins Fontes, Amazon, Livraria da Folha.
Blog Livros Pra Ler e Reler

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Resenha - 'Um dia de cada vez' de Courtney C. Stevens

Resultado de imagem para livro um dia de cada vezUm livro pequeno, mas muito conflitante e com personagens que parecem ser tão reais.
Apesar de um livro um pouco confuso no início, esse livro é além de uma história incrível, é um aprendizado, você inevitavelmente se coloca no lugar de Alexi, você fica se perguntando como ela consegue ter ainda um fio de esperança, diante de tudo que passa.

O ideal mesmo é ler esse livro sem nada saber, garanto que a paixão pela leitura será certa, então lá vai um pouco dos personagens...

Alexi Littrell: É uma garota de 16 anos que luta para passar pelo 3º ano do ensino médio como uma garota qualquer. Após o verão entre o 2º e 3º ano sua vida muda drasticamente e ela diariamente faz de tudo para voltar ao normal sem que ninguém perceba que alguma coisa aconteceu.

Já o Bodee Lennox é um garoto que, como vocês verão, teve sua mãe assassinada pelo pai dele, e luta com seus próprios demônios também, mas esconde de todos o que é relativamente fácil já que é um garoto muito solitário.

É muito emocionante e tocante acompanhar os medos e os processos de cura de Alexi e Bodee, e ao mesmo tempo é lindo ver como os dois formaram um elo tão profundo que seria muito difícil acontecer em outras circunstâncias, ou com outras pessoas.

O livro é perfeito em tudo e você não para mais de ler, é curto mas inesquecível.  E como já mencionei uma lição pra vida e que muita gente será ajudada por ela. E ainda tem o "recado" da autora pros leitores, que também é bem emocionante, ela explica que passou por uma situação semelhante a da personagem Alexi.

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Tradução: Cláudia Mello Belhassof
Categoria: Drama
Ano: 2014
Páginas: 232
Editora: Suma de Letras
Classificação:  ♥♥♥♥♥
Sinopse
Alexi Littrell era uma adolescente normal até que, em uma noite de verão, sua vida é devastada. Envergonhada, a menina começa a se arranhar e a contar compulsivamente uma tentativa de fazer a dor física se sobrepor ao sofrimento que passou a esconder de todos. Ela só consegue sobreviver ao terceiro ano do ensino médio graças às letras de música que um desconhecido escreve em sua carteira. As canções parecem adivinhar o que o coração de Alexi está sentindo. Bodee Lennox nunca foi um adolescente normal, mas agora é o menino que teve a mãe assassinada pelo pai. Em seguida, ele vai morar com os Littrell, e Alexi acaba descobrindo que o Garoto Ki-Suco, o quieto e desajeitado menino de cabelos coloridos, pode ser um ótimo amigo. Em Um dia de cada vez, Alexi e Bodee, ao mesmo tempo em que fingem para o resto do mundo que está tudo bem, passam a apoiar um ao outro, tentando viver um dia de cada vez.

Diakova