sexta-feira, 18 de novembro de 2016

O amor mais importante da sua vida, foi o que mais te fez sofrer

 Toda história de vida carrega uma história de muita dor e sofrimento, todo mundo já passou (quem não passou, prepare-se!) e sentiu como se não tivesse valor nenhum, ou como se nunca fosse achar a pessoa certa.

  A pessoa certa na sua vida deve ser você, ao contrário disso, algo está errado. Mas claro que em muitos casos achamos que sim, agora eu encontrei a pessoa que vai me fazer a mais feliz do mundo, e num belo dia ela chega toda linda, com um texto ensaiado de que o problema não é com você ou que, pelo contrário, você é uma pessoa ótima, ou você mesma descobre que ela não era tão fiel assim, ou simplesmente não quer o tipo de relacionamento que você queria e ai, game over, acabou. E era amor? Sim, da sua parte sim, e você não está errada por isso, para cada tipo de amor, vale a entrega, nem que seja para aprender.

Ela te faz chorar por muitos e muitos dias no travesseiro sem vontade de sair ou ao menos de falar com os amigos e familiares. Pois bem, essa pessoa que fez isso com você, por toda sua vida, será a mais importante, pois te fez crescer, fez nascer a mulher ou o homem que você sempre quis ser, fez com que sua inocência de contos de fadas fosse tomada pela realidade de relacionamentos líquidos que não resistem a nada. E isso só aquele amor que machuca faz , os outros podem te ensinar algo, mas esse amor te faz ver que você enfim, é adulto e deve viver mais na realidade e de preferência, no presente.

E é ai que você aprende a sarar suas próprias feridas, aprende que perder alguém que você julgava seu, pode acontecer e que ninguém é de ninguém, se essa pessoa precisa ir, que vá. Deixe o coração aberto, um pouco vazio para que ele se encha daquele amor verdadeiro e puro, do jeito que deve ser.

O grande problema é que principalmente as mulheres, são criadas assistindo a desenhos de contos de fadas, idealizando sempre a casa e a família feliz com aquele príncipe encantado que será o cara ideal. Assim, acham que o amor é o único e possível final feliz de uma história, e querem essa história para elas, vivem um conto de fadas que já não existe mais, na verdade nunca existiu, e sempre com a fé de que vai dar certo e ai continuam em relacionamentos que se arrastam até as últimas consequências, até quando não podem mais, e a consequência final disso é sofrer e sofrer.

A grande questão é, não adianta segurar as pessoas, se querem ir, deixa ir, se tem que terminar, termina, mas acredite sempre no amor, afinal, o que seria dos começos das lindas histórias, se não fossem os finais de histórias que nem nos faziam tão bem assim?


Diakova

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Voce é um degrau ou um campo de exploração?










Hoje conversando com uma pessoa muito especial sobre os infortúnios e infelicidades da vida, mas sobre outras coisas também, me veio a questão de que muitas pessoas nos veem como um degrau, degrau esse que as ajuda a crescer, que contribui para o coletivo, que acrescenta em todos os momentos ou que simplesmente ouve quando precisam. As pessoas que nos veem assim, são felizes, amadas e enxergam o algo a mais que temos, essas pessoas fazem de nossos favores, oportunidades, para nós e para elas. Percebem a nossa intenção, mudam até de opinião quando trocam algo com a gente. São pessoas que realmente revelam seu ser por atitudes.


Mas como nem tudo são flores, há ainda outra possibilidade de visão externa, há pessoas que nos veem como campo de exploração, assim, bem cheio e bem farto, veem sempre uma forma de tirar algo da gente, de crescer a nossas custas, de roubar nossas energias e nos passar negatividade, ou simplesmente exploram e exploram. Essas pessoas são tolas, elas são incapazes de ver a grandiosidade do ser humano, ou de como trocas, nem que sejam de bom dia ou boa tarde, podem mudar o dia das pessoas. Essas pessoas são pobres. Porém, como campo de exploração damos mais e acrescentamos mais as pessoas, somos fartos e capazes de dar de coração sempre.

Mas e ai me pergunto, devemos agir como degrau ou como campo de exploração? Devemos contribuir para a vida das pessoas esperando que elas reconheçam quem somos ou o que precisamos? Ou fazemos nossa parte dando o que elas precisam e pronto?

Não sou capaz de responder a nenhuma dessas perguntas, o que sei é que para algumas pessoas sou degrau e para outras sou campo de exploração, para ambos sei que dou minha contribuição, mas também sei que nem todas percebem ou aproveitam-na bem. Quando penso nisso, até perco, de certa forma, a fé de que somos capazes de mudar as pessoas, claro que não em sua totalidade, mas mostrar para elas que de modo geral as pessoas  que passam em nossas vidas são importantes, e que ver a maioria delas como campo de exploração é errado e simplista demais. 

O meu dia continuou, sem parar de pensar nessas duas visões, fui percebendo o quanto pequenos momentos fazem a diferença, o quanto as pessoas podem encher o nosso dia de alegria ou de dor, o quanto a expressão, as palavras e gestos fazem a diferença em relação a gostarmos ou não de alguém. 

Em casa, já cansada de pensar, me deparei com a solidão de estar numa casa cheia de gente que, a maioria delas, me veem como campo de exploração, a solidão de não ser degrau, de não conseguir contribuir para o dia delas, de não ser exemplo, e posso até ser, mas não percebo, porque ao entrar e sair de casa o dia todo, não há expressões, gestos ou palavras que digam o contrário. Não há nada que me faça sentir que sou um degrau, que faço a diferença.

E ainda assim não paro de pensar na grandiosidade que é a humanidade, de como contribuímos de uma maneira ou de outra pras pessoas ou de como passamos despercebidos pela vida de outras. De como muitas nos exploram, ou de como muitas nos usam como instrumento bom. De como não percebemos os degraus que temos a nossa volta, de como elas são importantes e, as vezes,
 precisam mais da gente, do que nós delas. De como essas pessoas degraus estão sendo esquecidas pelas efemeridades da vida, pela falta de tempo, pelo excesso de trabalho ou ainda pela correria dos fins de semana.  

Por fim, não sei qual conduta devemos seguir em relação a essas duas visões, não depende só da gente, mas sei que se pelo menos nos conhecermos, sabermos que tipo de pessoa devemos ser, já é meio caminho andando, já faremos muita diferença, na nossa vida e na todos ao nosso redor, se pararmos pra ver de fato as pessoas, suas intenções e um pouco de sua história, daremos um novo sentido aos nossos dias e aos das outras pessoas também.  


Diakova









quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A palavra que me fez ser

Eu tinha 13 anos quando aquela palavra me chamou atenção. Toda vez que a professora entrava na sala com aquela camisa, eu ficava olhando e me perguntando o motivo de uma pessoa usar uma camisa com aquela palavra. Eu era acostumada a ver camisas de times, de imagens, de bichinhos e das mais variadas estampas possíveis, mas com uma palavra era muito raro, e aquela palavra em especial realmente me deixou curiosa. Até que um dia eu não resisti e assim que tive uma chance, na hora em que fui levar o caderno para a professora corrigir, eu perguntei o que significava aquela palavra na camisa dela, ela se surpreendeu e me respondeu que era o curso em que ela havia se formado para ser professora, a palavra era "Letras", assim, somente ela, no meio da camisa, eu não me lembro a cor da camisa, nem da palavra, e talvez o que eu conte aqui não tenha sido exatamente do mesmo jeito, mas tenho desse jeito no meu coração, afinal, já faz alguns muitos anos. 

Tempos se passaram e ao ver a professora todos os dias vindo nos dar aula com seus olhos amigáveis e seu jeito doce, até demais, eu imaginava aquela palavra e o quanto ela representava para aquela pessoa, o quanto apenas aquela palavra fez dela o que ela queria ser quando crescesse, e o quanto havia peso naquela palavra, não teve jeito e eu não a esqueci mais. A cada dia eu pensava mais e mais naquela palavra.

O tempo foi passando e eu fui me encantando mais, comecei a pensar em ser professora também, pensava como seria legal poder saber tudo de português e ainda ensinar, entrar numa sala cheinha de crianças e poder passar o que eu sabia e ainda ser exemplo pra eles. Eu passei a fazer disso o que eu realmente queria fazer, e a cada dia perguntava mais e mais a professora de como eu poderia fazer para me tornar professora também, claro que apesar de sempre eu ter tido um olhar um pouco mais maduro para a minha idade eu ainda não entendia o porquê das greves todo ano e a desvalorização do professor, me encantei ao observar aquela professora e ao conhecer aquela palavra, me encantei pelo que isso representava para mim e para ela. 

Sou professora, e quando me pego pensando no motivo de ser  é essa história que vem a minha cabeça, e penso também nos meus alunos e no quanto posso ser melhor a cada dia, aprendo muito com eles, rio muito com eles e confesso que me estresso muito com eles, mas assim como aquela professora, eu procuro olhar meus alunos com olhos amigáveis e ser doce, muitas vezes não consigo, sou mais para uma bruta-doce, que para uma querida-professora-bondosa, mas eles sabem que não é por mal, eles são a minha vida agora e sempre serão, mesmo quando não forem mais meus alunos. Mesmo quando eu não der mais aulas, eu me lembrarei dessa história e saberei que sempre tive a certeza do que queria ser e que consegui ser, saberei também que vivi uma vida plena fazendo o que eu mais amava. 

Levanto todos os dias e me vejo uma pessoa que teve muita coragem de assumir o que seria, sem medos ou receio, levanto de cabeça erguida para fazer o que amo com pessoinhas que amo, e que  fazem muita diferença na minha vida. Escrevo hoje sobre isso porque desde que acordei que me sinto meio incompleta, e quando sinto isso sei logo que é a exaustão chegando, e não deixo que ela se instale em mim, procuro logo pensar no que fiz de mim e no que sou, e busco motivação para continuar, apesar de que ainda estou no inicio da vida, mas hoje as coisas não são mais como no tempo daquela minha professora, já era bem difícil, os alunos não davam mole, mas hoje a sociedade mudou e creio que é bem mais complicado ter o domínio de sala e conseguir resultados satisfatórios, para isso, nós professores, nos esforçamos bem mais e nos desgastamos bem mais, assim temos que buscar motivação o tempo todo e saber que lutamos muito para chegarmos até aqui, as milhas que percorremos foram para que conseguíssemos ser o que queríamos ser. 

Hoje, muito tempo depois, eu consegui, sou professora e de português, fiz o curso com muito esforço e hoje tenho meu ganha pão garantido. Certamente essa professora nem sabe o quanto ela e sua camisa com sua palavra fizeram diferença na minha vida, assim como eu não sei o quanto consigo fazer diferença na vida dos meus alunos, mas assim como ela, eu sei que sempre conseguimos tocar nem que seja um aluno sequer, assim como ela me tocou, outra certeza é que talvez nenhum colega meu daquela turma lembre dessa camisa com essa palavra, mas eu lembro e fiz disso a minha vida também, sonhei, e isso fez da minha vida melhor.

Diakova

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Teu amor te enche e transborda

Você acha que nunca vai esquecer, daí esquece, e começa a viver, a amar, não amar outra pessoa, mas se amar, se amar de verdade, sendo inteira, viva, quente.

Seu caminho passa a ser só seu, seu espaço não cabe você de tão grande que você se torna, e aí você se abre, se abre mais e encara novamente a vida, e vive mais uma vez, agora sim, pronta, sem procurar nada, sem se preocupar em ser amada por outrem, porque teu amor já te enche e transborda.

Diakova

Melhores livros de MARIO VARGAS LLOSA para ler..



O escritor peruano Mario Vargas Llosa é conhecido por suas obras intensas, profundas e densas, que criticam e abordam temas que rondam a hierarquia de castas sociais e raciais no Peru e em toda América Latina.


Sua principal abordagem é a luta pela liberdade individual na realidade opressiva do Peru e, assim como vários outros intelectuais de sua geração, Vargas Llosa sofreu a influência do existencialismo de Jean Paul Sartre. Entretanto, alguns de seus livros são auto biográficos, como A Cidade e os Cachorros, que recebeu o Prêmio Biblioteca Breve da Editora Seix Barral e o Prêmio da Crítica de 1963.



A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO
 A banalização das artes e da literatura, o triunfo do jornalismo sensacionalista e a frivolidade da política são características da sociedade contemporânea - a ideia temerária de converter em bem supremo a natural propensão humana para o divertimento. Este é o tema central do ensaio de Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura em 2010. Nele, o escritor diz que no passado a cultura era uma espécie de consciência que impedia que virássemos as costas para a realidade. Hoje, lamenta Llosa, a cultura atua como mero mecanismo de distração e entretenimento. Para ele, 'a ideia ingênua de que, através da educação, se pode transmitir cultura à totalidade da sociedade, está destruindo a ‘alta cultura’, pois a única maneira de conseguirmos essa democratização universal da cultura é empobrecendo-a, tornando-a cada dia mais superficial'.

TRAVESSURAS DA MENINA MÁ
O peruano Ricardo vê realizado, ainda jovem, o sonho que sempre alimentou - o de viver em Paris. O reencontro com um amor da adolescência o trará de volta à realidade. Lily - inconformista, aventureira e pragmática - o arrastará para fora do pequeno mundo de suas ambições. Ricardo e Lily - ela sempre mudando de nome e de marido - se reencontram várias vezes ao longo da vida, em diferentes cidades do mundo que foram cenários de momentos emblemáticos da História. Na Paris revolucionária dos anos 60; na Londres das drogas, da cultura hippie e do amor livre dos anos 70; na Tóquio dos mafiosos dos anos 80; e na Madri em transição política dos anos 90. Assim, ao mesmo tempo em que conta a história de um amor arrebatador, 'Travessuras da menina má' traça um quadro das transformações sociais europeias e convulsões políticas da América Latina.
 
A GUERRA DO FIM DO MUNDO
Em 1977, Mario Vargas Llosa começou a escrever um romance que seguia um caminho diferente - em vez de usar suas memórias para compor uma história de forte veia cômica, ele decidiu recontar a dramática Guerra de Canudos, impressionado pela leitura, alguns anos antes, de 'Os Sertões', de Euclides da Cunha. Em 1980, após exaustivas pesquisas em arquivos históricos e viagens pelo sertão da Bahia, ele terminava 'A guerra do fim do mundo'. Nele, o escritor peruano constrói uma saga que engloba tudo - honra e vingança, poder e paixão, fé e loucura. O autor dá uma nova dimensão à história de Antônio Conselheiro, em que personagens de carne e osso, alguns reais, outros imaginados, empreendem uma saga sem paralelos na história do país.

 O HEROI DISCRETO
Este é um romance que entrelaça histórias de crimes e intrigas, amores e reviravoltas. Felícito é o dono de uma empresa de transportes em Piura, no norte peruano. Um dia, antes de ir ao trabalho, se surpreende ao encontrar uma carta anônima, presa à porta de sua casa. Sua família e sua empresa serão protegidas, diz o texto, mediante um pagamento mensal. Como assinatura, uma sinistra aranha, atrás da qual se escondem os chantagistas. Mas ele é um homem que aprendeu com o pai a não se curvar a nada, e fará o possível para combater esse perigo invisível. A partir de então, mergulha numa rede de ameaças que irá colocar em risco não só seu trabalho, mas as pessoas que ama. Em paralelo, em Lima, Ismael Carrera, viúvo septuagenário dono de uma companhia de seguros, decide mudar completamente o rumo de sua vida. 

Diakova

veja mais em http://www.guiadasemana.com.br/artes-e-teatro/noticia/10-livros-de-mario-vargas-llosa-para-ler

 


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Inquietações

Não  somos determinados nem somos absolutos, somos variantes, somos infinitamente mutáveis. Não há nada que nos defina por completo, vivemos nas nuances da vida, nos entregando, errando e tentando de novo.
Muitas vezes tentamos esconder mas logo nossa face verdadeira vem à tona, queremos sempre sentir mais, viver mais, provar mais das mais variadas coisas e isso só fazemos genuinamente, não há como nos esconder nesses desejos.


Somos folhas em branco em que podemos escrever o que quisermos todos os dias, além de não sabermos quais consequências teremos que enfrentar a cada dia, não sabemos que escolhas farão a diferença hoje, não sabemos com que pensamentos dormiremos, positivos ou negativos, porque somos assim, imprevisíveis, mesmo que façamos todo dia a mesma coisa fazemos de um modo diferente, ou pelo menos você estará diferente a cada dia, nenhum rio é o mesmo sempre, assim como também não nos deitamos à noite para dormir da mesma forma que acordamos pela manhã.

Em determinados momentos até preferimos viver nos clichês do que é normal, moralmente aceito ou o que todo mundo costuma fazer, não enfrentamos aqueles desejos tidos como "loucos" por muitos e que pra nós é apenas o nosso jeito de sentir plenitude na vida, pegamos frases prontas e resoluções repetidas pra resolver questões só nossas sem perceber a singularidade do que somos, e nem a pluralidade de nossos sentimentos.

Somos pessoas preto e branco e vivemos em busca de cores que nos façam aos poucos achar nossa razão de viver mais um dia, porque somos capazes de nos reinventar, de nos  escrever e até de nos perder quando quisermos.

Diakova

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Resenha: “A rainha vermelha”, de Victoria Aveyard

Um livro cheio de altos e baixos, a primeira coisa que chama logo a atenção é a capa, prateada brilhante. Não tem nada demais, sem grandes desenhos ou super colorida, apenas uma coroa sangrando e a chamada de impacto: Uma sociedade dividida pelo sangue. Um jogo definido pelo poder.

Porém não julgando o livro apenas pela sua capa, vamos lá. Amei! Entrou para o topo da pilhas de livros que mais gostei de ler! A expetativa de uma boa história foi totalmente bem sucedida.

No início da leitura reconheço que a leitura estava chata, parecia que nada ia acontecer, a história estava lenta. Mas passado isso a história aconteceu e terminei o livro em poucos dias. O triste foi chegar ao final e não ter a continuação na mão.

“Viraram-me do avesso, trocaram Mare por Marrena, a ladra pela coroa, trapos pela seda, vermelho por prateado. Esta manhã eu era uma criada; à noite, sou princesa.” – p. 115

A história é sobre uma sociedade dividida entre pessoas com sangue prateado com poderes, tidos espaciais, e pessoas com sangue vermelho que não tem poderes, são esquecidos e excluídos,  e suas vidas giram em torno de guerra e servidão aos prateados.

Mare Barrow é vermelha e vive num vilarejo bem humilde; um dia consegue a oportunidade de ir servir aos prateados no palácio, onde ela se descobre cheia de poderes. Mas em sua cabeça fica tudo muito confuso, como uma vermelha pode ter poder já que isso é apenas dom dos prateados? Para entendê-la e esconde-la a família real acolhe a moça e convence a todos de que Mare é uma prateada, até a fazem noivar com o príncipe mais novo, Maven.

“Prateada e vermelha, e mais forte que ambos.” – p. 401

Mas Mare não gosta dos prateados e não quer ser tratada como eles, em contra partida também não quer mais a situação miserável de seu povo. Há outros vermelhos que também estão cansados de serem humilhados e escravizados e que estão em busca de uma vida melhor. Além disso, há a guerra em busca de terras e poder entre os reinos, uma nova batalha civil é iniciada. Vermelhos contra prateados. E Mare está entre esses dois mundos.

É uma  história interessantíssima de seres poderosos, de guerra, de esperança e de romance. A história já chamou tanto a atenção que a a Universal já comprou os direitos do filme; o roteiro está sendo adaptado por Gennifer Hutchison (Breaking Bad) e produzido por Benderspink (Efeito Borboleta) e Pouya Shahbazian (Divergente).

Leiam que vale muito a pena.
Esperando o filme...

Diakova.

Segue sinopse 

O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses.
Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho?
Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe — e Mare contra seu próprio coração.

Data da primeira publicação: 10 de fevereiro de 2015
Autora: Victoria Aveyard
Gênero: Ficção juvenil
Editora: HarperCollins
Prêmio: Goodreads Choice Awards Best Debut Goodreads Author
Indicações: Goodreads Choice Awards Best Young Adult Fantasy & Science Fiction

Casal perfeito não, mas perfeito um para o outro.

Eu sempre acreditei que "os opostos se atraem", depois de algumas desilusões descobri que opostos não se atraem, se afastam, os opostos não ficam juntos e não fazem as mesmas coisas, não curtem os mesmos shows e nem as mesmas músicas, os opostos de chocam e se largam.

Acreditava que todo mundo tinha "sua metade da laranja", mas hoje sei que isso também não existe, as pessoas só encontram alguém que faz sentido na sua vida quando estão completas, quando se amam e estão preparadas para desafios, quando estão prontas e seguras pra pular do um penhasco e amar incondicionalmente,

Nunca vamos encontrar nossa metade em outra pessoa, nem seremos nunca a metade de alguém, seremos o que falta nela e ela será o que nos falta, seremos complemento da vida um do outro, e quando isso acontecer, saberemos exatamente como é esse complemento, como num olhar se resolvem as coisas, como num beijo já há um convite e como num apertar de mãos você se sente segura.

Por diversas vezes podemos não entender e nos decepcionar achando que já encontramos esse alguém que tanto queríamos, isso são desilusões, e elas são necessárias, elas que vão moldando o que será necessário para nós, elas que nos dizem que atitudes devemos e ter e não ter.

Por diversos momentos nos sentiremos perdidos e exaustos de procurar felicidade, muitas vezes, é nessa hora que o coração descansa e a sorte vem. Chega alguém que nos faz mudar a cabeça e querer tudo outra vez, se vai durar? Não temos como saber. Se é de fato nosso complemento? Talvez. Mas o que temos que saber é se realmente estamos dispostos a ser esse complemento para esse alguém e a tentar mais uma vez, sem medo nem ressentimentos.

O que penso hoje, resumindo tudo, é que se tem alguém pra ser seu, será, ele virá da maneira mais inusitada e pode ser a pessoa mais improvável, mas você saberá que é ela, saberá com seu coração que agora você será feliz, talvez no inicio você ache que nunca dará certo, mas se gostar de verdade vai levar, vai procurar motivos, vai sentir que vale a pena.

E quando já estiver firme com ela, vai amar cada vez mais e vai lutar cada dia com mais força, até o dia em que tudo será tão natural que fluirá, não serão o casal perfeito, mas serão perfeitos um para o outro.



Diakova

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Filme 'Tempo de despertar' - Série Filmes inesquecíveis

Se ainda não viu, vale a pena assistir, e se você é uma pessoa que adora filmes inesquecíveis e que emocionam, fazendo literalmente as lágrimas caírem, com certeza deve assistir mesmo esse título. Pode até ser que ele não vire seu filme preferido, mas com certeza será um dos filmes mais inesquecíveis que você já terá visto.

O filme é 'Tempo de despertar' ou 'Awakenings' título original.

No ano de 1969, em Nova Iorque, um médico neurologista chamado Malcolm Sayer trabalha em um hospital psiquiátrico. Lá, encontram-se muitos pacientes que, aparentemente, são catatônicos.

Sayer sente que eles estão só "adormecidos" e que, se forem medicados da maneira correta, poderão ser despertados. Assim ele pesquisa sobre o assunto, e chega à conclusão de que os pacientes sofrem de encefalite letárgica, Conhecida também como “doença do sono”, a encefalite letárgica virou epidemia depois da Primeira Guerra Mundial principalmente na Europa e na América do Norte, afetando cerca de um milhão de pessoas, levando a morte, quase metade delas.

Durante décadas, os doentes encontravam-se entre o sono profundo e um estadio de vigília entorpecido. A doença é uma forma atípica de encefalite onde as causas são desconhecidas e provoca letargia e tremores o que é chamado de parkinsonismo pós encefalítico. Além disso, é notável a presença de sintomas como movimentos anormais do globo ocular, perda de fala, atrofia muscular, catatonia e psicose.

Com isso, ele descobre, também em suas pesquisas que a droga L-DOPA, usada em pacientes com o mal de Parkinson, pode ser o medicamento ideal para tratá-los. Sayer é autorizado pelo diretor do hospital a submeter apenas um paciente ao novo tratamento,  ele escolhe Leonard Lowe, que estava "adormecido" há décadas.

Gradualmente, Lowe vai se recuperando, e Sayer passa a administrar o L-DOPA em outros pacientes, que imediatamente apresentam sinais de melhora também e mostram-se ansiosos em recuperar o tempo perdido. Porém , Lowe começa a apresentar estranhos e perigosos efeitos colaterais.

Além de mostrar parte da experiência médica, esse filme, de maneira profundamente tocante, traz uma mensagem que é capaz de nos levar a reflexões sobre como devemos aproveitar nosso tempo e a valorizar a vida.
Recebeu nomeações para três Academy Awards, incluindo melhor imagem, melhor adaptação e melhor ator, para Robert De Niro. Robin Williams também foi nomeado para o 48º Golden Globe Awards para melhor ator em filme de drama.

Dados...
Data de lançamento: 22 de março de 1991 (Brasil)
Direção: Penny Marshall
Autor: Oliver Sacks
Música composta por: Randy Newman
Roteiro: Steven Zaillian

Oscar 1991 (EUA)
Recebeu três indicações nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Robert De Niro) e Melhor Roteiro Adaptado.


Diakova

domingo, 3 de julho de 2016

Um conto seu

Um conto seu
Metade de mim é você e a outra também. Sim, mesmo depois de me dizer que não vai adiantar, eu estarei aqui, ainda por um tempo, pendurada num conto seu, em que eu tento escrever o que eu sinto, escrever a leviandade que é ainda te amar, eu estarei porque vale a pena, mesmo o pouco, mesmo um sorriso rápido e um toque de leve.

Esse conto vai ser um último porque depois dele eu estarei livre, já que você não quis ouvir, eu vomitarei nele todo o meu amor, tudo que está aqui a ponto de me destruir.
E não me olhe assim, por entre as frestas da sua má interpretação do que é o amor, pelos cantos dos olhos que não enxergam a chama que arde quando estamos próximos, ou pelos esconderijos dos sentimentos que você sente e luta contra por causa da sua falta de grandeza em ver o futuro.

Não me julgues por não saber o que é viver, por não saber como eu fui capaz de te amar, e fazer tudo por você.
Não me julgue por sua vida pobre e medíocre de quem não tem ninguém a não ser os comprados ou iludidos por você.

Não me culpe por só saber o que é amor amargo e não querer novamente a parte doce da vida que eu podia te dar.

Estou terminando teu conto, e te conto que me sinto melhor, meu corpo entrega-se a natureza e talvez ela me eleve a algum lugar em que eu não possa mais te ver. Em que teus olhares de homem fraco não possam me abalar, em que tua falta de coragem de amar não me deixe com falsas esperanças.
Um lugar em que eu possa ser somente eu e meus escritos loucos e ruins, com minhas roupas velhas, com minha sede que não cessa, com meu conhecimento que agora é minha distração, mas livre desse conto seu.

Diakova

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Resenha Vida e Morte - Crepúsculo Reimaginado de Stephenie Meyer

Mais uma vez eu me encantei com a história, o romance, os detalhes da trama e com a leveza da escrita de Stephenie Meyer, você lê rapidinho sem perceber que está engolindo a história. É um mundo real, com criaturas e situações irreais, e que nos leva ao limite dos sentimentos e nos faz torcer pela vida deles, mesmo sendo vampiros. Cada personagem encanta por suas características únicas e algumas pitadas de humor, mais uma vez, apaixonada....


A saga Crepúsculo tem milhões de fãs pelo mundo todo, e eu sou um deles, e claro, ao completar 10 anos da primeira edição do I livro, a editora e a autora quiseram agradá-los. Assim, fizeram uma nova edição do livro Crepúsculo, agora com algumas modificações da história, que segundo a própria Stephenie Meyer havia alguns erros, e em relação aos gêneros dos personagens, que mudaram, quase todos.

Vida e Morte tem praticamente a mesma história de Crepúsculo. Beau Swan, um garoto de 17 anos deixa Phoenix para morar com o pai na fria e sempre nublada e chuvosa Forks. Na cidade, Beau conhece a misteriosa Edythe Cullen que assim como em Crepúsculo o salva de ser atropelado por um dos colegas da escola. Bem no início ele já se vê encantado pela moça e por mais que tente repelir sua vontade de estar perto de Edythe, essa atração só aumenta.

Mesmo sendo uma releitura de Crepúsculo, Vida e Morte vem com um final diferente do livro original, as mudanças, como mencionei, não foram apenas os gêneros dos personagens mas também o fim da história. Muitas pessoas já pensaram naquele  “e se” em relação a alguma situações que acontecem na trama, e nesse livro a autora nos permite visualizar essas possibilidades.

Quem ler Vida e Morte não encontrará uma cópia exata de crepúsculo, a autora fez algumas alterações de cenas e diálogos bem interessantes na história. Porém encontrei alguns erros de revisão, alguns em relação a continuação do gêneros dos personagens, mas não atrapalha a leitura. A edição trás Vida e Morte de um lado e Crepúsculo do outro no estilo vira-vira.


Segue a sinopse 
Livro: Vida e Morte - Crepúsculo Reimaginado
Autor(a): Stephenie Meyer
Editora: Intrínseca
Páginas: 391
Adquira: Saraiva| Submarino | Americanas | Travessa

Livro cedido através da parceria com a editora
Quando Beaufort Swan se muda para a melancólica cidade de Forks e conhece a misteriosa e atraente Edythe Cullen, sua vida dá uma guinada emocionante e apavorante. Com a pele de porcelana, os olhos dourados, uma voz hipnótica e dons sobrenaturais, Edythe é ao mesmo tempo enigmática e irresistível. O que Beau não percebe é que, quanto mais se aproxima dela, maior o perigo para ele e para os que o cercam. E pode ser tarde demais para voltar atrás... Em comemoração ao aniversário de 10 anos da publicação de Crepúsculo nos Estados Unidos, Stephenie Meyer fez Vida e Morte, uma corajosa releitura da icônica história de amor que vai surpreender e encantar os leitores. Esta edição especial dupla inclui ainda um prefácio da autora e o romance original na íntegra.

Diakova

terça-feira, 21 de junho de 2016

Hoje eu só quero coexistir

Acordei cansada de fingir sorrisos, de que está tudo bem, de dar bom dia pra quem eu não gosto, de seguir modelos que não considero correto, de falar de mim para parecer normal, de segurar o choro, dessa depressão que sinto cada vez que lembro de partes ruins da minha vida que não posso consertar, de ser forte o bastante para seguir sempre em frente, de nunca parar, de nunca pensar só em mim, de sempre pensar em gente, gente que seleciona os momentos pra me ter ao lado delas, quando eu, na verdade, as atendo sempre que posso.

Acordei cansada mas mesmo assim, me vesti, coloquei a farda da empresa, meus sapatos gastos, mas eram os mais confortáveis, e coloquei também minhas máscaras. Peguei minha bolsa e crachá e saí porta a fora para mais um dia de trabalho, que é no que eu amo, mas os dias, sua repetição, estão sendo cruéis comigo.

Acordei cansada de escolhas que temos que fazer o tempo inteiro, que roupa, que café da manhã, que música, que bolsa, que almoço, até decisões mais sérias, decisões de vida que quando vem, não nos dão folga e temos que resolver, e é ai que tudo se complica e muitas vezes, nossa vida fica de cabeça para baixo.

Hoje eu não quero tomar decisão nenhuma, somente hoje quero ser levada por meus instintos sobre como será o dia, ando cansada de absolutamente tudo, do que depende de mim e do que não. Sinto uma impotência do tipo incurável, inegável, e sei que não passará tão cedo, me sinto triste, mas ninguém percebe, estão ocupados demais observando quem você é por fora.

Hoje sinto que apenas devo existir, sem pensar em nada, sem querer agradar aos outros, sem querer ser o que eles querem, eles também podem ser quem quiserem, não vou me importar, não vou reclamar, mas não vou desistir de tudo, isso não é um relato de uma suicida em potencial, é apenas uma obrigação moral de falar como me sinto hoje, como estou cheia desse vazio das cidades, das redes sociais, dos telefones, e do mercado em si que te empurra junto com as massas e você nem percebe.

Acordei cansada desse caos em que vivemos e que muitos não percebem porque estão ocupados demais com suas superficialidades, desse jeito as individualidades vão ficando de fora, aos poucos as essências vão sendo esquecidas, e nós devemos apenas sorrir quando isso acontecer, e se falamos como nos sentimos, se cobramos atenção e zelo, somos carentes e pedintes de migalhas.

Mas hoje quero apenas cumprir meu dia, mais uma vez, sair de casa e voltar, sorrir mais uma vez, dizer que está tudo bem, ouvir as novidades alheias concordando sempre com um leve sorriso no rosto, quero apenas sentir que ainda estou aqui e que talvez amanhã eu reaja a algo. Talvez amanhã eu reclame de algo, escolha algo, ou faça uma pequena revolução em minha mente, mas hoje não, hoje só quero sentir o que pode acontecer, talvez amanhã eu até reflita que hoje foi um dia perdido, mas amanhã, hoje eu só quero coexistir.


Diakova


segunda-feira, 13 de junho de 2016

Dois livros para ler urgente..

A ilha da desolação

Combinando toda a ação e emoção típicas da literatura de aventura com uma impressionante precisão histórica, o escritor inglês Patrick O’Brian leva os leitores a mais uma viagem pelos sete mares ao lado do capitão Jack Aubrey e de seu inseparável amigo Stephen Maturin. A ilha da desolação é o quinto episódio de Mestre dos Mares, considerada por muitos uma das maiores séries de romances históricos já escrita, e que inspirou o filme de Peter Weir, estrelado pelo ator australiano Russell Crowe.


Neste livro, o navio Leopard ancorará no Brasil, mais especificamente em Pernambuco. Encarregados de resgatar o governador Bligh, famoso pelo episódio do Bounty, o capitão Jack Aubrey e seu amigo, o cirurgião Stephen Maturin, viajam até a Austrália, com o porão repleto de sentenciados. Entre eles, estão uma linda e perigosa espiã - além de uma doença fatal, que dizima parte da tripulação.

Sobre o autor
Richard Patrick Russ nasceu em 1914, na Inglaterra e, aos 15 anos, publicou seu primeiro romance. Escreveu muitos contos, mudou-se para Londres, onde se casou e teve dois filhos e, em 1940, separou-se. Durante a guerra, foi motorista de ambulância e empregado de uma organização de inteligência e propaganda, por meio da qual apoiou operações da Resistência francesa. Ao término do conflito, mudou seu nome para Patrick O’Brian e casou-se novamente. Com a segunda esposa, foi morar em uma cidade francesa às margens do Mediterrâneo, onde escreveu contos, romances, biografias e assinou traduções do francês para o inglês. Em 1969, publicou o primeiro dos vinte livros da sérieMestre dos Mares, que vendeu milhões de exemplares em todo o mundo e inspirou o filme estrelado por Russel Crowe. Patrick O’Brian faleceu em 2000.





Calor do sangue 

Publicado quase 70 anos após a sua morte, este romance é inédito. Em um calmo vilarejo no interior da França, o velho Silvio relembra sua juventude e observa a vida dos habitantes mudar radicalmente depois de uma misteriosa morte. A tranquilidade do campo dá lugar a uma atmosfera de intrigas e infidelidade. Este drama conduzido como investigação policial narra a avalanche de descobertas que fragiliza o equilíbrio das relações sociais no pequeno povoado. Calor do sangue tem como cenário o mesmo vilarejo em que Irène Némirovsky escreveu o consagrado Suíte francesa. 

Sobre a autora
Irène Némirovsky (Kiev, Ucrânia, 11 de fevereiro de 1903–Auschwitz, Polônia, 17 de agosto de 1942) foi uma escritora judia que viveu e trabalhou na França e morreu durante a II Guerra Mundial no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.

Diakova


Resenha - Como eu era antes de você.

O livro “Como eu era antes de você” faz simplesmente nós nos questionarmos sobre essa frase homônima. Como as vezes as pessoas passam por nossas vidas e marcam de uma maneira tão significante e até cruel, como as pessoas chegam em nossas vidas e simplesmente viram ela de cabeça pra baixo de uma maneira tão boa pra gente.

----------“Você só vive uma vez.
É sua obrigação aproveitar a vida da melhor forma possível”-----

Além disso, nos faz pensar nas pequenas coisas da

vida, e te toca profundamente, pela história de uma menina normal e um cara com deficiência física, que a princípio, parece não ser atraente.

--------“Às vezes,
você é a única coisa que me dá vontade de levantar da cama.”------

A história é narrada em primeira pessoa, por Louisa, personagem principal, mas ao longo da história, surgem falas de outros personagens, como o enfermeiro de Will e seu pai.

-------“Alguns erros…
Apenas têm consequências maiores que outros.
Mas você não precisa deixar que aquela noite seja aquilo que define quem você é.”-------

O livro fala de temas que são tão importantes para nossa vida e que muitas vezes não damos conta, como amor, tristezas, esperanças, oportunidades e até a morte, ou o que ela significa para quem não aguenta mais viver como Will vive. Apesar de ele ter muito dinheiro, um castelo e todos os cuidados necessários, ele sofre com dores, idas e vindas a hospitais e uma família nada estruturada emocionalmente, sua irmã mora longe e seus pais não aguentam mais viver juntos.


Will Traynor, tem 35 anos, e como já falei é rico, e muito. Inteligente, apesar de mal humorado, as vezes agressivo e tetraplégico, o que justifica o que falei anteriormente, sobre o que ele sente mesmo tendo todo o aparato necessário. Louisa Clark tem 26 anos, não tem ambições ou objetivos concretos, mora com os pais, tem uma irmã que é mãe solteira e um namorado que só pensa em exercícios físicos e perca de calorias.

--------“É isso. Você está marcada no meu coração, Clark.
Desde o dia em que chegou, com suas roupas ridículas,
suas piadas ruins e sua total incapacidade de disfarçar o que sente.
Você mudou a minha vida muito mais do que esse dinheiro vai mudar a sua.”-------

Louisa é demitida de um Café onde era garçonete há anos, e adorava o que fazia. Desempregada, ela começa a procurar emprego, mas não tem qualificações.  É contratada, depois de muitas tentativas numa agencia de empregos para ser cuidadora de Will por 6 meses, que mais tarde Louisa descobre o motivo do tempo determinado, com uma convivência bem difícil a principio, mas ele vai se abrindo de uma forma que não fazia com ninguém, nem com sua família, desde os quase dois anos de seu acidente.

--------“Você só pode ajudar alguém que aceita ajuda.”----

Ao longo da história os dois mudam muito e vivem um amor sem limites, sem preconceitos e lindo de verdade, mas é daqueles romances sem finais felizes, para nós é claro, que nos acostumamos com isso, esse amor traz um tom de realidade, nos faz ver como o amor é importante, mas que é necessário estar de bem com você mesmo para que ele cresça e seja digno de se viver. Na cabeça de Louisa eles estão prontos para se amar por toda a vida, na de Will não, inclusive foi a parte em que mais me emocionei, pois ele fala que o amor dela não é o bastante, mas é compreensível, pois você nesse momento já sabe dos sentimentos dele em relação a sua condição e acaba se colocando no lugar dele.

Portanto, vale a pena ler e ver o filme, vale porque não se trata de um romance clichê e sim um romance que nos remete a vidas reais ao amor e a morte, a tudo que julgamos importante e muitas vezes nem é. Nos traz uma lição de vida.

------“E sabe o quê?
Ninguém quer ouvir esse tipo de coisa.
Ninguém quer ouvir você falar que está com medo, ou com dor, ou apavorado com a possibilidade de morrer por causa de alguma infecção aleatória e estúpida.
Ninguém quer ouvir sobre como é saber que você nunca mais fará sexo, nunca mais comerá algo que você mesmo preparou, nunca vai segurar seu próprio filho nos braços.
Ninguém quer saber que às vezes me sinto claustrofóbico estando nesta cadeira que tenho vontade de gritar feito louco só de pensar em passar mais um dia assim.” --------


Diakova

Uma boa menina

"Uma boa menina sempre faz o que lhe pedem
Nunca sai do salto, tem paciência, não reclama.
Uma boa menina se arruma demais pela manhã
E permanece até a noite, acha feio "riscar" o corpo e vive na academia.

Uma boa menina não responde aos pais
Não fala mal dos parentes nem da família do namorado
E não se comporta mal nos lugares públicos.

Uma boa menina não anda só de preto
Não deixa o esmalte pela metade
Não gosta de objetos sinistros e nem de músicas metal."

-Uma boa menina é assim - você disse.
-Mas eu não sou assim. -digo eu, e completo.
-Quem disse que sou uma boa menina?

Diakova

terça-feira, 7 de junho de 2016

Por um tempo não te vi e não te culpo por isso

Ela é mulher que irradia luz, a beleza dela está no caráter e na sua essência única.
Eu ria, às vezes quando ela vinha falar que acreditava em sonhos, que ouvia sininhos tocando quando algo de bom se realizava na vida dela, quando isso acontecia, de eu rir, ela fazia uma careta e não se importava, continuava com seus ideais, nunca deixou se abater pelo que eu falava ou da forma que eu zoava com ela. Mas não eram utopias baratas, eram sonhos mesmo, e hoje sei que ela realizou o que mais queria, mas eu não faço parte disso, pelo menos não mais. Ela me dizia, “Você não entende, eu sonho alto, vivo para viver, se cair levanto, se sofrer aprendo”. E foi exatamente assim, sempre, com a mesma força e postura, minha ex-mulher admirável.

Num dia algo de ruim acontecia, no outro ela já se reinventava, era outra, com outro sorriso, mas tão lindo quanto todos os outros. Sempre que a vida mandava ela se doar, lá estava ela, pronta e disponível a mergulhar em qualquer oceano que fosse, sem hesitar, seguia seu coração e ninguém mais.


É complexa, organizada, metódica, mas às vezes pirava um pouco, e me deixava louco com tanta pergunta que eu julgava sem sentido, um dia ela me perguntou “quando foi a primeira vez que você subiu numa árvore?”, outro dia, “você sabe a cor que sua professora preferida mais gostava?”, ela é assim, pensa no que ninguém pensa, imagina o que ninguém imagina, quer o que muitos nem sabem que querem. Às vezes se sentia vazia, às vezes cheia demais que transbordava em mim, e eu, sem tempo, ocupado, pensando em outras coisas não parava pra ouvi-la de verdade, prestar atenção mesmo, ou quando falava de seus projetos ou quando falava suas banalidades tão vagas e ao mesmo tempo complexas demais pra mim.

Não suporta meias verdades, meios termos, meios amores, é exagerada, em tudo, no amor e no desamor, sente como ninguém sente, ri fácil, mas chora com toda sua emoção, e chora até com comerciais bobos. Para ela, o que mais importava eram as palavras que ninguém falava, os olhares que ninguém via, os sentimentos que poucos sentiam, ela observava e acho que por isso é que ela mais sofria ao meu lado, eu não tinha esse olhar.

Aqui, hoje, sozinho, me dou conta de como a conhecia, mas do quanto a tratava como desconhecida, como não reparava na mulher que eu tinha, sim, tinha, era minha, com toda sua mágica e loucura de quem tem sede e vontade de viver tudo ao mesmo tempo, de quem pensa a frente, mas que gostava daquele domingo gostoso em casa comigo. Me pego pensando nela em todos os momentos, mesmo depois de tanto tempo afastados. Há meses não a vejo, a ultima vez foi cruel, de lá para cá não parei de pensar nela, e na vida que ela foi pra mim, não paro de pensar e acho até que meu pensamento tem vida própria, não se controla. Vêm nos meus olhos os olhos dela, no meu nariz o cheiro dela, na minha mão os cabelos dela, e aqui na casa a presença dela, em tudo.

Quando nos vimos, ela estava bem, mais magra, mas mais bonita, falou comigo sem cerimônia e me abraçou, o perfume era o mesmo, e creio que o xampu também, senti seu cheiro bom e familiar, aquele cheiro de passado bom, que sei que não volta mais, sei que sou incapaz de consertar tudo de uma vez, mas não sou incapaz de ama-la novamente, de fazer seus dias felizes novamente, de fazê-la sentir que somos pra sempre mais uma vez.

Ela sem dúvida foi a mulher mais linda que eu conheci, não por ter um corpo escultural, nem por ser vaidosa, adorava seus coques e camisetas largas quando andava pela casa, ela é linda por sua sensibilidade dentro de uma mulher tão forte, é linda por causa de um sorriso frouxo que sai toda hora em belas gargalhadas, por seu jeito de mulher que as vezes não se importa mas que cuidou de mim com toda sua dedicação, com todo seu amor. Amor que era tão grande que não cabia mais em nós, ou melhor, nela, e eu não ajudei a guardar esse amor, ao menos não permiti que ela percebesse o quanto a amava, deixei-a ir, inerte, sem forcas, sem argumentos para que ela ficasse. Há muito erros ruins, mas não perceber o quanto ama uma pessoa e o quanto ela faz diferença na sua vida é sem dúvida um dos erros que mais doem de serem cometidos.

Diakova

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Há pessoas que são diferentes, mas se amam, e nós somos assim.

Quando eu cheguei ele já estava, vi pelo vidro que dividia as duas salas de entrada da recepção do prédio.
Estava distraído e não me viu, me aproximei, toquei em seu braço e ele num sobressalto virou e me olhou, meio sem graça me cumprimentou, sem beijinho ou uma manifestação maior de afeto, apenas seu olhar me parecia acolhedor. 

Saímos do prédio e caminhamos pela rua até um bar próximo, pedi uma cerveja e ele também, nos sentamos e ficamos por alguns segundos sem nos falar, apenas nos olhando enquanto bebíamos os primeiros goles da cerveja. Até que ele tocou na ponta dos meus dedos que estavam sobre a mesa esticados quase tocando nele. Um toque, só isso, mas foi a conexão que eu precisava, certamente ele não percebeu, mas meu corpo tremeu e eu percebi o quanto sentia falta daquele toque, não era estranho nem desconhecido, tinha ar de novidade e de nostalgia, difícil dizer.

Ele colocou a cerveja na mesa, eu também, e começamos a conversa com um perguntando como o outro estava, depois, partimos pra parte da conversa em que mais ficamos calados que falando, os olhares diziam que nos amávamos ainda e o quanto um faltava pro outro, o quanto nossa história não havia acabado e o quanto de novidades estavam por vir. Até que começamos a conversar e falar cada um de sua vida, falamos das lembranças, de situações engraçadas que passamos e do que tínhamos saudade, foi ai que ele me falou que existem pessoas que são diferentes, mas que se amam, e nós somos assim.

Essa frase entrou na minha cabeça como uma bala de canhão, se é que isso pode ser uma comparação plausível, foi um impacto muito forte ouvi-la, foi ai que eu percebi o quanto sou imatura ainda, o quanto ele me ensinava lições e o quanto era enriquecedor ser dele. Essa frase pra mim foi como dizer que eu não percebi suas diferenças ou não as aceitei, foi mais um ensinamento dele pra mim, e foram mais palavras que me machucaram por dentro, mas me fizeram crescer mais uma vez.

Eu parei pra pensar o quanto somos indiferentes e egoístas em nossos relacionamentos, o quanto damos importância a coisas pequenas e deixamos os grandes momentos de lado, pensei em como eu poderia me culpar, ou desculpar do que havia acontecido a nós. E sim, bateu uma dúvida imensa das certezas que eu tinha sobre o que eu queria de fato. Porque eu sei que da primeira vez eu quem não quis, da segunda também, fingi que não estava ali. E hoje ver aquele homem sorrindo pra mim, perto de mim, me falando palavras que quero ouvir era quase algo inalcançável, mas estava acontecendo.

As vezes, temos a mania de idealizar tudo, pensar em tudo e até planejar tudo que irá nos acontecer, mas não, não será assim, as coisas irão acontecer como tem que ser, baseado no que fizemos nos momentos anteriores. Eu posso até estar enganada novamente, mas tenho certeza de que não tenho dúvidas, eu quero ele pra mim.

Apesar de meio sem graça, eu não estava com um estranho, eu tinha tudo que eu queria bem ali, na figura dele, nos olhos dele. Em um momento ele me olhou e com muita serenidade me falou o quanto gostava de mim, minha vontade era abraçá-lo bem forte, mas me contive, não sabia se era apropriado. Na minha frente estava aquele homem que sempre foi tão especial pra mim e que agora não era mais meu, não por inteiro.  

Quando terminamos, não por falta de assunto, mas pelo tempo, caminhamos mais um pouco, ele tocou minha cintura, eu toquei a dele, depois peguei seu braço e ali parecíamos mais uma vez um casal apaixonado e despreocupado, meu coração pulava de ansiedade e minha cabeça quase explodia com mil pensamentos, no ponto de despedida, ele me abraçou e me beijou, um beijo quente, dividido em dois, devagar, familiar. Como pode ser, será que é possível voltar a um mundo mágico mais de uma vez? Será que podemos nos permitir vivenciar momentos que nós deixamos para trás? Não sei, mas depois daquele beijo senti que talvez sim, que poderia ser feliz novamente e que ele poderia ser meu motivo de felicidade. Ele poderia me devolver toda a mágica que foi amá-lo. Ele poderia concertar tudo e juntar os pedaços que eu deixei na partida. Entes de ir embora ele me olhou nos olhos e me pediu que pensasse, que queria muito, mas que dependia de mim, da minha certeza. Mais um abraço e foi embora.

Fiquei olhando ele partir, de costas, andando devagar, parecia leve, mas senti que o deixava ir, que ele escapava, se ia de mim. Senti que seria a última vez, e que a nossa conversa tinha sido uma dívida paga por ele depois de tanta insistência minha, afinal, ele parecia bem sem mim, parecia ter superado, mas não dei margem a esse pensamento. Eu, na minha impulsividade o que eu queria era ir com ele, mais uma vez, mas não fui, segui meu caminho, fui embora também. O que ficou foi uma certeza, que nos amamos ainda, que precisamos um do outro, mas que o momento não é agora, talvez já tenha passado, talvez não chegue nunca.


Diakova




sábado, 4 de junho de 2016

Traços de uma mente sem paz

O barulho da minha mente
não me deixa esquecer
do silêncio que você deixou aqui.

Ele faz menos barulho
que essa calma ensurdecedora nesse quarto.

Olho-me no espelho e vejo o que você deixou.
Não me vejo
nem vejo além.
E aparentemente está tudo bem.

Diakova

segunda-feira, 30 de maio de 2016

O texto mais lindo que já li... A menina quebrada - Eliane Brum

Era uma festa. Comemorávamos a vinda de um bebê que ainda morava na barriga da mãe. Eu havia acabado de segurá-la para que ela passasse a pequena mão na água da fonte do jardim. Ela tentava colocar o dedo gorducho no buraco para que a água se espalhasse, como tinha visto uma criança mais velha fazer. Parecia encantada com a possibilidade de controlar a água. Tem 1 ano e oito meses, cabelos cacheados que lhe dão uma aparência de anjo barroco e uns olhos arregalados. Com olheiras, Catarina é um bebê com olheiras, embora durma bem e muito. De repente, ela enrijeceu o corpo e deu um grito: “A menina.... A menina.... Quebrou”.  
Era um grito de horror. O primeiro que eu ouvia dela. Animação, manha, dor física, tudo isso eu já tinha ouvido de sua boca bonita. Aquele era um grito diferente. Não parecia um tom que se pudesse esperar de alguém que ainda precisava se esforçar para falar frases completas. Catarina estava aterrorizada. “A menina... A menina...” Ela continuava repetindo. Olhei para os lados e demorei um pouco a enxergar o que ela tinha visto em meio à tanta gente. Uma garota, de uns 10, 12 anos, talvez, com uma perna engessada. “Quebrou...” Catarina repetia. “A menina... quebrou.” 
Ela não olhava para mim, como costuma fazer quando espera que eu esclareça alguma novidade do mundo. Era mais uma denúncia. Pelo resto da festa, ela gritou a mesma frase, no mesmo tom aterrorizado, sempre que a menina quebrada passava por perto. Nos aproximamos da garota, para que Catarina pudesse ver que ela parecia bem, e que os amigos se divertiam escrevendo e desenhando coisas no gesso, mas nada parecia diminuir o seu horror. Os adultos próximos tentaram explicar a ela que era algo passageiro. Mas ela não acreditava. Naquele sábado de janeiro Catarina descobriu que as pessoas quebravam.  
Eu a peguei, olhei bem para ela, olho no olho, e tentei usar minha suposta credibilidade de madrinha: “A menina caiu, a perna quebrou, agora a perna está colando, e depois ela vai voltar a ser como antes”. Catarina me olhou com os olhos escancarados, e eu tive a certeza de que ela não acreditava. Ficamos nos encarando, em silêncio, e ela deve ter visto um pouco de vergonha no assoalho dos meus olhos. Era a primeira vez que eu mentia pra ela. E dali em diante, ela talvez intuísse, as mentiras não cessariam. Naquela noite, depois da festa, fui dormir envergonhada.  
O que eu poderia dizer a você, Catarina? A verdade? A verdade você já sabia, você tinha acabado de descobrir. As pessoas quebram. Até as meninas quebram. E, se as meninas quebram, você também pode quebrar. E vai, Catarina. Vai quebrar. Talvez não a perna, mas outras partes de você. Membros invisíveis podem fraturar em tantos pedaços quanto uma perna ou um braço. E doer muito mais. E doem mais quando são outros que quebram você, às vezes pelas suas costas, em outras fazendo um afago, em geral contando mentiras ou inventando verdades. Gente cheia de medo, Catarina, que tem tanto pavor de quebrar, que quebram outros para manter a ilusão de que são indestrutíveis e podem controlar o curso da vida. E dão nomes mais palatáveis para a inveja e para o ódio que os queima. Mas à noite, Catarina, à noite, eles sabem. 
E, Catarina, você tem toda a razão de duvidar. Depois de quebrar, nunca mais voltamos a ser como antes. Haverá sempre uma marca que será tão você quanto o tanto de você que ainda não quebrou. Viver, Catarina, é rearranjar nossos cacos e dar sentido aos nossos pedaços, os novos e os velhos, já que não existe a possibilidade de colar o que foi quebrado e continuar como era antes. E isso é mais difícil do que aprender a andar e a falar. Isso é mais difícil do que qualquer uma das grandes aventuras contadas em livros e filmes. Isso é mais difícil do que qualquer outra coisa que você fará.  
Existe gente, Catarina, que não consegue dar sentido, ou acha que os farelos de sentido que consegue escavar das pedras são insuficientes para justificar uma vida humana, e quebra. Quebra por inteiro. Estes você precisa respeitar, porque sofrem de delicadeza. E existe gente, Catarina, que só é capaz de dar um sentido bem pequenino, um sentido de papel, que pode ser derrubado mesmo com uma brisa. E essa brisa, Catarina, não pode ser soprada pela sua boca. Ser forte, Catarina, não é quebrar os outros, mas saber-se quebrado. É ser capaz de cuidar de seus barcos de papel – e também dos barcos dos outros – não como uma criança que os imagina poderosos, de aço. Mas sabendo que são de papel e que podem afundar de repente. 

Essa conversa, Catarina, está apenas adiada. Talvez, daqui a alguns anos, você precise me perguntar como se faz para viver quebrada. Ou por que vale a pena viver, mesmo se sabendo quebrada. E eu vou lhe contar uma história. Ela aconteceu alguns dias depois daquela festa em que você descobriu que até as meninas quebram. Nós estávamos na fila do caixa do supermercado perto de casa, com uma cesta cheia de compras, e havia um homem atrás de nós. Era um homem vestido com roupas velhas e sujas, parte delas quase farrapos. E ele cheirava mal. Poderia ser alguém que dorme na rua, ou alguém que se perdeu na rua por uns tempos. Ficamos com medo de que o segurança do supermercado tentasse tirá-lo dali, ou que a caixa o tratasse com rispidez, ou que as outras pessoas na fila começassem a demonstrar seu desconforto, como sabemos que acontece e que jamais poderia acontecer. Enquanto pensávamos nisso, ele nos abordou. E pediu, com toda a educação, mas com os olhos dolorosamente baixos: “Por favor, será que eu poderia passar na frente, porque tenho pouca coisa?”.  Não, acho que eu não poderia ter dito isso a você, Catarina. Não naquela noite, não agora. Ao lhe assegurar, cheia de autoridade de adulto, que tudo estava bem com a menina quebrada, com qualquer e com todas as meninas quebradas, o que eu dei a você foi um vislumbre da minha abissal fragilidade. Esta, Catarina, é uma verdade entre as tantas mentiras que lhe contei, ao tentar fazer com que acreditasse que eu seria capaz de proteger você. Vai chegar um momento, se é que já não houve, em que você vai olhar para todos nós, seus pais, seus “dindos”, seus avós e tios, e vai perceber que nós todos vivemos em cacos. E eu espero que você possa nos amar mais por isso.  
Quando lhe demos passagem, vimos que o homem não tinha pouca coisa. Ele só tinha uma. Sabe o que era, Catarina?  
Um sabonete. Era o que havia entre as mãos de unhas compridas e sujas, junto com algumas moedas e notas amassadas, como em geral são as notas que valem pouco. Aquele homem, que parecia ter perdido quase tudo, aquele homem talvez ainda mais quebrado que a maioria, porque tinha perdido também a possibilidade de esconder suas fraturas, o que ele fez? Quando conseguiu juntar uns trocados, o que ele escolheu comprar? Um sabonete. 
Catarina, talvez um dia, daqui a alguns anos, você volte a me olhar nos olhos e a dizer: “A menina... quebrou”. Ou: “Eu... quebrei”. E talvez você me pergunte como continuar ou por que continuar, mesmo quebrada. E eu vou poder lhe dizer, Catarina, pelo menos uma verdade: “Por causa do sabonete”. 
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras)